1. A noção de modernidade.
A palavra moderno vem do latim (hodierno). No passado ela indicava apenas o tempo presente (agora/atualmente)
No final do século XVII ela passa a ter um sentido valorativo (se torna um adjetivo) Autores para diferenciar a literatura dessa época a rotularam de moderna em contraposição à literatura feita na antiguidade clássica (Grécia e Roma). Eles viam a literatura moderna como melhor (superior)
Nas Ciências Sociais a noção de modernidade (não a palavra) veio com os Iluministas e sua noção de progresso.
O evolucionismo do século XIX colocou as sociedades europeias no ápice do processo evolutivo. Elas eram modernas em contraposição às sociedades primitivas ou tradicionais.
Assim, um determinado tipo de sociedade passou a ser visto como superior (ser moderno é ser melhor/superior)
Isso implica numa visão etnocêntrica (etnocentrismo)
A Antropologia contemporânea crítica o evolucionismo e o etnocentrismo a ele associado. Ela defende o relativismo cultural (não existem sociedades superiores, apenas diferentes)
Questão: A modernidade se tornou um valor universal?
Possíveis respostas
a. Não______________________________________________________________
___________________________________________________________________
b. Sim ____________________________________________________________
Características gerais das sociedades modernas
1. Característica econômica________ ter um parque industrial
expressivo (para muitos cientistas sociais a sociedade moderna é chamada de
sociedade industrial)
2. Características
políticas
2.a. Se organizar como estado-nação (em contraposição à
tribo, ao bando e a outras formas de organização política que não sejam sob a
forma de estado.
2.b. Se organizar sob a forma de democracia-liberal
2.c. Promover a cidadania (direitos)
Direitos políticos_____________________________________________________
___________________________________________________________________
Direitos civis. Garantem a liberdade______________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Direitos sociais; Promovem a igualdade____________________________________
____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3. Características culturais
3.a. Cientificismo _____________________________________________________
3.b. Secularismo_______________________________________________________
3.c. Individualismo ____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
ATIVIDADES
“ O assassinato em massa não é uma invenção moderna. A história está cheia de antagonismos entre comunidades e seitas, sempre mutuamente prejudiciais e potencialmente destrutivos, muitas vezes degenerando em aberta violência, que por vezes leva ao massacre e, em alguns casos, ao extermínio de populações e culturas inteiras. Diante disso, parece negar-se a singularidade do Holocausto. Em especial, sua íntima ligação com a modernidade, a "afinidade eletiva" entre o Holocausto e a civilização moderna. O fato sugere, ao contrário, que o ódio comunitário mortífero sempre esteve entre nós e provavelmente nunca deixará de existir; e que nesse ponto a única importância da modernidade foi que, ao contrário do que prometia e da expectativa generalizada, não aparou suavemente as arestas sabidamente ásperas da coexistência humana e, portanto, não pôs um fim definitivo à desumanidade do homem para com o homem. A modernidade não cumpriu o prometido. Ela falhou. Mas não é responsável pelo Holocausto, uma vez que o genocídio acompanha a história da humanidade desde o início.
ATIVIDADES
TEXTO 1. O texto 1 fala de uma processo histórico que
aconteceu no Japão e que ficou conhecido como Era Meiji e recebeu esse nome
porque neste período ele foi governado pelo imperador Meiji . Esse período vai
de 1867 até 1912. Ao final desse período o Japão tinha deixado de ser feudal e
se tornou uma potência mundial.
Este texto foi extraído do livro
Ocidentalismo. O Ocidente aos Olhos dos seus Inimigos. Ian Buruma e Avishai
Margalit. RJ.Zahar Editores, 2006, p.
“Naquele momento, para os asiáticos, o ocidente também representava - e
em certa medida, ainda hoje representa, o colonialismo. Desde o século XIX,
quando a China foi humilhada na Guerra do Ópio, os japoneses cultos perceberam
que a sobrevivência nacional dependia do estudo cuidadoso e da emulação das
ideias do ocidente. Jamais uma grande nação empreendera transformação tão
radical quanto o Japão entre as décadas de 1850 e 1910. O principal slogan da
era Meiji (1868/1912) eram Bunmei Kaika, ou Civilização e Iluminismo, isto é,
civilização ocidental e iluminismo. Tudo o que vinha do ocidente , da ciência
natural ao realismo literário , foi vorazmente absorvido pelos intelectuais
japoneses. O vestuário ocidental, a lei constitucional prussiana, as
estratégias navais britânicas , a filosofia alemã , o cinema americano , a
arquitetura francesa e muito , muito mais foi incorporado e adaptado.
A transformação rendeu frutos
generosos. O Japão permaneceu imune à colonização e tornou-se rapidamente uma
grande potência, a qual, em 1905 conseguiu derrotar a Rússia numa guerra
integralmente moderna. De fato, Tolstoi descreveu a vitória japonesa como um
triunfo do materialismo ocidental sobre a alma asiática da Rússia. Mas houve
prejuízos. A revolução industrial japonesa, que ocorreu não muito depois da
alemã, teve efeitos igualmente desordenadores . Um grande número de camponeses
empobrecidos mudou-se para as cidades, onde as condições podiam ser cruéis. O
exército era um refúgio brutal para jovens do interior, e suas irmãs, por
vezes, tinham de ser vendidas aos prostíbulos das grandes cidades. Mas, além
dos problemas econômicos, havia outra razão par que muitos intelectuais
japoneses buscassem desfazer a indiscriminada ocidentalização do final do
século XIX. Parecia que o Japão sofria de uma indigestão intelectual: engolira
a civilização ocidental depressa demais. E isso explica, em parte , por que o
grupo de literatos reunidos em Kyoto , na década de 30 do século 20, discutiu
formas de mudar a história a fim de superar o ocidente, ser moderno e, ao mesmo
tempo, retornar a um idealizado passado espiritual.
1.1. Os autores apresentam uma visão
positiva da modernização do Japão. Exponha os argumentos que utilizaram para
sustentar essa tese.
1.2. A modernização teve muitos
críticos no Japão. Segundo o autor qual era a proposta desses críticos para
sanar os males trazidos pela modernização.
TEXTO 2. Abaixo
você lerá um trecho da biografia da imperatriz Cixi, que exerceu o poder na
China nas últimas três décadas do século XIX.
“E assim, Cixi eliminou todos
os obstáculos e reconduziu o império ao
rumo que tinha definido antes. Dessa vez ela aceleraria o ritmo do progresso.
Durante a reclusão forçada no harém, sua mente não estivera ociosa e ela
aprendera muito a respeito do cenário internacional, a partir dos relatórios e diário dos
viajantes que enviara para o exterior naquelas primeiras expedições. Em
Hong-Kong e em outros portos haviam surgido novos jornais ao estilo ocidental
disponíveis na corte , onde tinham se tornado fontes de informação
imprescindíveis. Em comparação com uma década atrás, quando, pela primeira vez
ela chegara o poder, Cixi tinha agora muito mais conhecimento , não só do
Ocidente , como também da modernidade. Estava convencida de que a modernização
era a resposta para os problemas do império- e sabia também que tinha perdido
muito tempo” ( A Imperatriz de Ferro. A concubina que criou a China moderna .
Jung Chang. SP. Companhia das Letras, 2013, p.153.
Questão 2.1. O texto concorda
ou discorda que a modernização (o modelo de sociedade moderna) estava , no século XIX, se tornando um valor universal? Justifique a
sua resposta.
TEXTO 3. O texto abaixo foi
extraído do livro O que deu errado no Oriente Médio, Bernard Lewis. RJ. Editora
Zahar, 2002. Este trecho fala com o seguir fala de uma revolução que aconteceu na
Turquia em 1908. Ela foi liderada por um grupo de oficiais do exército e que
tinha um projeto de levar a Turquia em uma nova direção
“A Revolução Turca significa
uma transformação mais ampla do que a palavra revolução que o sugere. […] Ela
significa a substituição de uma unidade política antiga, baseada na religião,
por uma baseada em outro laço, o da nacionalidade. Essa nação agora aceitou o
princípio de que o único meio de sobrevivência na arena internacional está na
aceitação da civilização ocidental contemporânea. Essa nação aceitou também o
princípio de que todas as suas leis devem estar baseadas apenas em terreno
secular, em uma mentalidade secular quem aceita a regra da contínua mudança de
acordo com o desenvolvimento e a mudança nas condições de vida.”
Questão 3.1. Em que direção os chamados jovens turcos
(os oficias que lideraram a revolução ) pretendiam levar a Turquia. Justifique
a sua resposta com alguma ideia contida no texto.
TEXTO 4. Trechos do livro A
Al-Qaeda e o que significa ser moderno
John Gray. RJ. Editora Record, 2004. Páginas 11 e 12 )
“ Os guerreiros suicidas que atacaram Washington, Nova York em 11 de setembro de 2001 fizeram mais do matar milhares de civis e demolir o World Trade Center. Eles destruíram o mito dominador do Ocidente.
As sociedades ocidentais são dominadas pela crença de que a modernidade é uma condição única , por toda parte a mesma e sempre benigna. À medida que as sociedades se tornam mais modernas , ficam mais parecidas. Ao mesmo tempo, tornam-se melhores. Ser moderno significa realizar nossos valores – os valores do Iluminismo , como gostamos de pensar.
Nenhum lugar comum é mais espantoso do que o que descreve a Al-Qaeda como uma revivescência da época medieval . Ela é um subproduto da globalização. Assim como os cartéis mundiais das drogas e as grandes empresas do comércio virtual que se desenvolveram nos anos 1990, evoluiu numa época em que a desregulamentação financeira criou grandes reservatórios de riqueza no estrangeiro e o crime organizado tornou-se global. Sua característica mais distintiva - planejar uma forma privatizada de violência organizada no mundo inteiro- seria impossível no passado. Do mesmo modo, a crença de que um mundo novo pode ser apressado por atos espetaculares de destruição não se encontra em parte alguma na época medieval . Os precursores mais próximos da Al-Qaeda são os anarquistas revolucionários da Europa no final XIX
Quem duvidar que o terror revolucionário é uma invenção moderna resolveu esquecer a história recente. A União Soviética foi uma tentativa de corporificar o ideal iluminista de um mundo sem poder e sem conflitos. Em busca deste ideal, matou e escravizou dezenas de milhões de seres humanos. A Alemanha nazista cometeu o pior genocídio da história. E o fez com a meta de criar um novo tipo de ser humano. Nenhuma era anterior abrigou projetos assim. As câmaras de gás e os gulags são modernos.
4.1) Para John Gray a modernidade se tornou um valor universal ? Justifique a sua resposta.
4. 2) O texto afirma que a organização terrorista Al Qaeda tem uma relação ambivalente com a modernidade. Explicite essa ambivalência.
John Gray. RJ. Editora Record, 2004. Páginas 11 e 12 )
“ Os guerreiros suicidas que atacaram Washington, Nova York em 11 de setembro de 2001 fizeram mais do matar milhares de civis e demolir o World Trade Center. Eles destruíram o mito dominador do Ocidente.
As sociedades ocidentais são dominadas pela crença de que a modernidade é uma condição única , por toda parte a mesma e sempre benigna. À medida que as sociedades se tornam mais modernas , ficam mais parecidas. Ao mesmo tempo, tornam-se melhores. Ser moderno significa realizar nossos valores – os valores do Iluminismo , como gostamos de pensar.
Nenhum lugar comum é mais espantoso do que o que descreve a Al-Qaeda como uma revivescência da época medieval . Ela é um subproduto da globalização. Assim como os cartéis mundiais das drogas e as grandes empresas do comércio virtual que se desenvolveram nos anos 1990, evoluiu numa época em que a desregulamentação financeira criou grandes reservatórios de riqueza no estrangeiro e o crime organizado tornou-se global. Sua característica mais distintiva - planejar uma forma privatizada de violência organizada no mundo inteiro- seria impossível no passado. Do mesmo modo, a crença de que um mundo novo pode ser apressado por atos espetaculares de destruição não se encontra em parte alguma na época medieval . Os precursores mais próximos da Al-Qaeda são os anarquistas revolucionários da Europa no final XIX
Quem duvidar que o terror revolucionário é uma invenção moderna resolveu esquecer a história recente. A União Soviética foi uma tentativa de corporificar o ideal iluminista de um mundo sem poder e sem conflitos. Em busca deste ideal, matou e escravizou dezenas de milhões de seres humanos. A Alemanha nazista cometeu o pior genocídio da história. E o fez com a meta de criar um novo tipo de ser humano. Nenhuma era anterior abrigou projetos assim. As câmaras de gás e os gulags são modernos.
4.1) Para John Gray a modernidade se tornou um valor universal ? Justifique a sua resposta.
4. 2) O texto afirma que a organização terrorista Al Qaeda tem uma relação ambivalente com a modernidade. Explicite essa ambivalência.
TEXTO 5. Abaixo você lerá um trecho
do livro . Modernidade e Holocausto, Zygmunt Bauman, RJ. Zahar, 1998,
p.112 . É um texto acadêmico típico e, portanto, pode colocar algumas
dificuldades de entendimento.
“ O assassinato em massa não é uma invenção moderna. A história está cheia de antagonismos entre comunidades e seitas, sempre mutuamente prejudiciais e potencialmente destrutivos, muitas vezes degenerando em aberta violência, que por vezes leva ao massacre e, em alguns casos, ao extermínio de populações e culturas inteiras. Diante disso, parece negar-se a singularidade do Holocausto. Em especial, sua íntima ligação com a modernidade, a "afinidade eletiva" entre o Holocausto e a civilização moderna. O fato sugere, ao contrário, que o ódio comunitário mortífero sempre esteve entre nós e provavelmente nunca deixará de existir; e que nesse ponto a única importância da modernidade foi que, ao contrário do que prometia e da expectativa generalizada, não aparou suavemente as arestas sabidamente ásperas da coexistência humana e, portanto, não pôs um fim definitivo à desumanidade do homem para com o homem. A modernidade não cumpriu o prometido. Ela falhou. Mas não é responsável pelo Holocausto, uma vez que o genocídio acompanha a história da humanidade desde o início.
Não é esta, porém, a lição
contida no Holocausto. Sem dúvida o Holocausto foi mais um episódio na extensa
série de tentativas e na série bem mais curta de êxitos em matéria de
assassinatos em massa. Também tem aspectos que não compartilha com nenhum dos
casos de genocídio anteriores. São esses aspectos que merecem especial atenção.
Eles tiveram um nítido sabor moderno. Sua presença sugere que a modernidade
contribuiu para o Holocausto mais de forma direta do que por sua própria
fraqueza e inépcia. Sugere que o papel da civilização moderna na perpetração e
extensão efetiva do Holocausto foi um papel ativo, não passivo. Sugere que o
Holocausto foi tanto um produto como um fracasso da civilização moderna. Como
tudo o mais que se faça à maneira moderna - racional, planejada, cientificamente
fundamentada, especializada, eficientemente coordenada e executada - o
Holocausto superou e esmagou todos os seus supostos equivalentes pré-modernos,
expondo-os comparativamente como primitivos, perdulários e ineficientes. Como
tudo o mais na nossa sociedade moderna, o Holocausto foi um empreendimento em
todos os aspectos superior, se medido pelos padrões que esta sociedade pregou e
institucionalizou. Paira bem acima de episódios anteriores de genocídio, da
mesma forma que a fábrica moderna está muito acima da antiga oficina do artesão
ou que a fazenda mecanizada, com seus tratores, ceifeiras-debulhadoras e
pesticidas, supera em muito a velha roça com o seu arado puxado a cavalo e a
capina de enxada “
Questões
5.1. O autor tem uma visão
positiva ou negativa da modernidade? Justifique a sua resposta com alguma
afirmação do texto.
5.2. Como o autor relaciona o
holocausto à modernidade?