quarta-feira, 29 de maio de 2019

Textos sobre a desumanização do trabalho




Textos sobre a desumanização do trabalho

Texto 1. Adam Smith. A Riqueza das Nações. Volume 2. Coleção Os Economistas. SP. Editora Abril, p.242

Com o avanço da divisão do trabalho, a ocupação da maior parte daqueles que vivem do trabalho, isto é, da maioria da população, acaba restringindo-se a algumas operações extremamente simples, muitas vezes a uma ou duas. Ora, a compreensão da maior parte das pessoas é formada pelas suas ocupações normais. O homem que gasta toda sua vida executando algumas operações simples, cujos efeitos também são, talvez, sempre os mesmos ou mais ou menos os mesmos, não tem nenhuma oportunidade para exercitar sua compreensão ou para exercer seu espírito inventivo no sentido de encontrar meios para eliminar dificuldades que nunca ocorrem. Ele perde naturalmente o hábito de fazer isso, tornando-se geralmente tão embotado e ignorante quanto o possa ser uma criatura humana. O entorpecimento de sua mente o torna não somente incapaz de saborear ou ter alguma participação em toda conversação racional, mas também de conceber algum sentimento generoso, nobre ou terno, e, consequentemente, de formar algum julgamento justo até mesmo acerca de muitas das obrigações normais da vida privada. Ele é totalmente incapaz de formar juízo sobre os grandes e vastos interesses de seus país; e, a menos que se tenha empreendido um esforço inaudito para transformá-lo, é igualmente incapaz de defender seu país na guerra. A uniformidade de sua vida estagnada naturalmente corrompe a coragem de seu espírito, fazendo-o olhar com horror a vida irregular, incerta e cheia de aventuras de um soldado. Esse tipo de vida corrompe até mesmo sua atividade corporal, tornando-o incapaz de utilizar sua força física com vigor e perseverança em alguma ocupação que não aquela para a qual foi criado. Assim, a habilidade que ele adquiriu em sua ocupação específica parece ter sido adquirida à custa de suas virtudes intelectuais, sociais e marciais. Ora, em toda sociedade evoluída e civilizada, este é o estado em que inevitavelmente caem os trabalhadores pobres — isto é, a grande massa da população — a menos que o Governo tome algumas providências para impedir que tal aconteça.

Questão 1.1 . Qual é para Adam Smith a causa da desumanização do trabalho?

Texto 2. O Manifesto do Partido Comunista. Karl Marx e Friedrich Engels. In http://www.psb40.org.br/bib/b30.pdf

As armas que a burguesia utilizou para abater o feudalismo, voltam-se hoje contra a própria burguesia. A burguesia, porém, não forjou somente as armas que lhe darão morte; produziu também os homens que manejarão essas armas - os operários modernos, os proletários. Com o desenvolvimento da burguesia, isto é, do capital, desenvolve-se também o proletariado, a classe dos operários modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho, e que só encontram trabalho na medida em que este aumenta o capital. Esses operários, constrangidos a vender-se diariamente, são mercadoria, artigo de comércio como qualquer outro; em consequência, estão sujeitos a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as flutuações do mercado. O crescente emprego de máquinas e a divisão do trabalho, despojando o trabalho do operário de seu caráter autônomo, tiram-lhe todo atrativo. O produtor passa a um simples apêndice da máquina e só se requer dele a operação mais simples, mais monótona, mais fácil de aprender. Desse modo, o custo do operário se reduz, quase exclusivamente, aos meios de manutenção que lhe são necessários para viver e perpetuar sua existência. Ora, o preço do trabalho , como de toda mercadoria, é igual ao custo de sua produção. Portanto, à medida que aumenta o caráter enfadonho do trabalho, decrescem os salários. Mais ainda, a quantidade de trabalho cresce com o desenvolvimento do maquinismo e da divisão do trabalho, quer pelo prolongamento das horas de labor, quer pelo aumento do trabalho exigido em um tempo determinado, pela aceleração do movimento das máquinas, etc. A indústria moderna transformou a pequena oficina do antigo mestre da corporação patriarcal na grande fábrica do industrial capitalista.

Questão 2.1. Qual é para Marx e Engels a causa da desumanização do trabalho?

Texto 3. A Gerência Científica. Extraído do livro Trabalho e Capital Monopolista . A Degradação do Trabalho no Século XX. Harry Braverman, RJ, editora Zahar .1977.
"Segundo princípio Todo possível trabalho cerebral deve ser banido da oficina e centrado no departamento de planejamento ou projeto..’ .... No ser humano, como vimos, o aspecto essencial que torna a capacidade de trabalho superior à do animal é a combinação da execução com a concepção da coisa a ser feita. Mas à medida que o trabalho se torna um fenômeno social mais que individual, é possível – diferentemente do caso dos animais em que o instinto como força motivadora é inseparável da ação – separar concepção e execução. Essa desumanização do processo de trabalho, na qual os trabalhadores ficam reduzidos quase ao nível de trabalho em sua forma animal, enquanto isento de propósitos e não pensável no caso de trabalho auto organizado e auto motivado de uma comunidade de produtores, torna-se aguda para a administração do trabalho comprado. Porque, se a execução dos trabalhadores é orientada por sua própria concepção, não é possível, como vimos, impor-lhes uma eficiência metodológica ou o ritmo de trabalho desejado pelo capital. Em consequência, o capitalista aprende desde o início a tirar vantagem desse aspecto da força de trabalho humana e a quebrar a unidade do processo de trabalho. P.103 ,104
(...)
“Os possuidores do tempo de trabalho não podem eles mesmo fazer o que quer que seja com ele, mas só lhe resta vendê-lo como meio de subsistência. É verdade que essa é a regra nas relações capitalistas de produção e o emprego do argumento por Taylor no caso mostra com grande clareza aonde o poder do capital leva: não apenas o capital é propriedade do capitalista, mas o próprio trabalho tornou-se parte do capital. Não apenas os trabalhadores perdem o controle até do seu trabalho e do modo como o executa. Esse controle pertence agora àqueles que podem arcar com o estudo dele a fim de conhecê-lo melhor do que os próprios trabalhadores conhecem sua atividade viva’ p. 106

Questão 3.1. Como Harry Braverman caracteriza a desumanização do trabalho produzida pelo taylorismo? 

Texto 4. O texto abaixo foi retirado do capítulo 1. Do Capitalismo à Sociedade do Conhecimento , do livro: Sociedade Pós- Capitalista. Peter Drucker. RJ, Editora Pioneira, 1993. Paginas 15 a 19 

“ O que então derrotou Marx e o marxismo ? Em 1950 , muitos de nos já sabiam que o marxismo fracassara tanto moral como economicamente. Mas ele ainda era a única ideologia coerente para a maior parte do mundo , para a qual o marxismo parecia invencível. Havia antimarxistas em abundância, mas poucos era não marxistas, isto é , pessoas que achavam que o marxismo havia se tornado irrelevante. Mesmo os maiores opositores do socialismo ainda estavam convencidos de que ele estava em ascensão.


O que então superou as ‘inevitáveis contradições do capitalismo’, a ‘alienação’ e a ‘indigência’ da classe trabalhadora e com elas toda a noção de proletariado?


 A resposta está na Revolução da Produtividade. Quando o conhecimento mudou o significado há duzentos e cinquenta anos, ele começou a ser aplicado a ferramentas, processos e produtos. Este ainda é o significado de ‘tecnologia’ para a maioria das pessoas e também o que está sendo ensinado nas escolas de engenharia. Mas dois anos antes da morte de Marx, já havia começado a Revolução da Produtividade. Em 1881, um americano Frederick Winslow Taylor (1865/1915), pela primeira vez aplicou o conhecimento ao estudo do trabalho, à sua análise e à sua engenharia.


“ Poucas figuras na história intelectual tiveram maior impacto do que Taylor – e poucas foram tão obstinadamente mal compreendidas ou citadas erroneamente com tanta frequência . Em parte sofreu porque a história provou que ele estava certo e os intelectuais errados . Em parte, ele é ignorado porque o desprezo pelo trabalho ainda está presente, principalmente entre os intelectuais . Certamente carregar areia com uma pá (a mais conhecida das análises de Taylor ) não é algo que um ‘homem educado’ possa apreciar , e menos ainda considerar importante.


Mas a reputação de Taylor sofreu muito mais precisamente porque ele aplicou o conhecimento ao estudo do trabalho. Isso era um anátema para os sindicatos do seu tempo que montaram contra ele uma das mais odiosas campanhas para o assassinato de uma reputação da historia americana.


Mas os sindicatos mais respeitados e poderosos na América de Taylor eram aqueles dos arsenais e estaleiros estatais que, antes da Primeira Guerra Mundial centralizavam toda a produção de defesa em tempos de paz. Esses sindicatos eram monopólios de artesanato: a participação neles era restrita a filhos e parentes dos membros. Eles exigiam um aprendizado de cinco a sete anos, mas não tinham treinamento sistemático, nem estudo do trabalho. Não era permitido anotar nada; não havia nem mesmo plantas ou outros desenhos do trabalho a ser feito. Os membros tinham que jurar segredo e não podiam discutir seu trabalho com não membros. A afirmação de Taylor, de que o trabalho podia ser estudado, analisado e dividido em uma série de movimentos repetitivos simples – cada um dos quais devia ser executado de uma maneira certa , no seu melhor tempo e com suas ferramentas corretas – era de fato um ataque frontal aos sindicatos. E assim eles o difamaram e conseguiram que o Congresso proibisse qualquer aplicação de ‘estudo de tarefas’ em arsenais e estaleiros do governo – uma proibição que vigorou até depois da Segunda Guerra Mundial.


Taylor não melhorou a situação, ofendendo os proprietários das indústrias tanto quanto havia ofendido os sindicatos. Embora não desse muita importância aos sindicatos, ele era desdenhosamente hostil aos proprietários, seu apelido favorito para eles era ‘porco’ . Além disso, ele insistia que os trabalhadores, não os patrões ficassem com a parte do leão dos ganhos produzidos pela ‘gerência científica’ . Para acrescentar o insulto à injúria, seu Quarto Princípio exigia que o estudo do trabalho fosse feito consultando-se o trabalhador , ou mesmo em parceria com ele.


Finalmente, Taylor afirmava que a autoridade na fábrica não podia ser baseada na propriedade. Ela poderia ser baseada somente no conhecimento superior. Eu outras palavras, ele exigia aquilo que hoje chamamos de ‘gerência profissional’ – um anátema e uma heresia radical para os capitalistas do século XIX . Taylor foi severamente atacado por eles como ‘criador de casos’ e ‘socialista’ (Alguns dos seus associados mais próximos, em especial Karl Barth, seu braço direito, eram de fato esquerdistas declarados e fortemente anticapitalistas)


O axioma de Taylor , pelo qual todo trabalho manual , qualificado ou não, podia ser analisado e organizado pela aplicação do conhecimento, era um absurdo para os seus contemporâneos. E o fato de que havia uma mística nas aptidões artesanais ainda continuou sendo universalmente aceito por muitos e muitos anos. Foi essa crença que encorajou Hitler , em 1941, a declarar guerra contra os Estados Unidos. Para que este país colocasse uma força eficaz na Europa, seria necessária uma grande frota para transportar as tropas. Naquela época , os Estados Unidos quase não tinham marinha mercante , nem destróieres (navio de guerra) para protegê-la. Além disso, argumentou Hitler , a guerra moderna exigia instrumentos óticos de precisão em grandes quantidades; e não havia trabalhadores óticos qualificados nos Estados Unidos.Hitler estava absolutamente certo. Os Estados Unidos não tinham grande marinha mercante e seus destróieres eram poucos e ridiculamente obsoletos. E também não tinham quase nenhuma indústria ótica. Porém, aplicando a Gerência Científica de Taylor, a indústria americana treinou trabalhadores totalmente desqualificados muitos dos quais antigos meeiros (trabalhadores agrícolas que trabalham à meia parte) criados em um ambiente pré-industrial, transformando-os, em sessenta a noventa dias , em soldadores e construtores de navios de primeira classe. 

Pessoas dessa mesma espécie foram igualmente treinadas para que dentro de poucos messes , produzissem instrumentos óticos de precisão de qualidade superior àquela dos alemães – alem disso, em linha de montagem.


A aplicação do conhecimento ao trabalho elevou a produtividade de forma explosiva. Por centenas de anos não tinha havido nenhum aumento na capacidade dos trabalhadores para produzir ou movimentar bens. As máquinas criaram maior capacidade, mas os próprios trabalhadores não eram mais produtivos do que haviam sido nas oficinas da Grécia antiga, na construção das estradas de Roma imperial ou na produção dos produtos altamente apreciados tecidos de lã que fizeram a riqueza de Florença no Renascimento
Porém, alguns anos depois que Taylor começou a aplicar o conhecimento ao trabalho, a produtividade começou a subir à taxa de 3,5 ao ano, o que significa dobrar a cada 18 anos. Desde que Taylor começou, a produtividade aumentou cerca de 50 vezes em todos os países avançados. E essa expansão sem precedentes foi a origem de todas as elevações do padrão e da qualidade de vida nos países desenvolvidos.


Metade dessa produtividade adicional tomou a forma de maior poder de compra; em outras palavras, a forma de um padrão de vida melhor. Mas algo entre um terço e a metade tomou a forma de horas de lazer. Em 1910, os trabalhadores nos países nos países desenvolvidos ainda trabalhavam tanto quanto sempre haviam trabalhado antes, isso é, no mínimo 3000 horas por ano. Hoje os japoneses trabalham 2000 horas por ano , os americanos 1850 e os alemães 1600 – te dos eles produzem cinquenta vezes mais por hora do que há oitenta anos atrás. Outras parcelas substanciais do aumento da produtividade tomaram a forma de cuidados de saúde, os quais subiram de 0% do PNB para 8 a 12% nos países desenvolvidos, e de ensino que passou de cerca de 2% do PIB para 10% ou mais.ente ganhava mais de US$ 500,00 por ano. Hoje um trabalhador sindicalizado nos EUA , Japão ou Alemanha , trabalhando somente quarenta horas por semana, ganha US$ 50 000,00 anuais em salários e benefícios – US $ 45 000,00 depois dos impostos- que equivalem a cerca de oito vezes o preço de um carro barato novo.

Em 1930, a Gerência Científica de Taylor – a despeito da resistência de sindicatos e intelectuais – tinha se estendido a todo o mundo desenvolvido. Em consequência disso, o ‘proletário’ de Marx tornou-se um ‘burguês’. Foi o operário da indústria manufatureira, o ‘proletário’ e não o ‘capitalista’, quem se transformou no verdadeiro beneficiários do Capitalismo e da Revolução Industrial . Isso explica o fracasso total do marxismo nos países altamente desenvolvidos, para os quais Marx havia previsto uma revolução por volta de 1900 . Explica por que, depois de 1918 não houve mais uma ‘Revolução do Proletariado’ nem mesmo nos países derrotados da Europa Central , onde havia miséria , fome e desemprego. Explica porque a Grande Depressão não levou a uma revolução comunista como esperavam Lenin e Stalin – e praticamente todos os marxistas. Naquela época os proletários de Marx ainda não haviam se tornado afluentes, mas já pertenciam à classe média . Eles haviam se tornado produtivo

‘Darwin, Marx e Freud’ formam a trindade frequentemente citada como ‘os criadores do mundo moderno’ . Se houvesse alguma justiça no mundo, Marx deveria ser retirado e substituído por Taylor “ (página 19)

ATIVIDADES REFERENTES AO TEXTO 4

4.1 . Peter Drucker tem uma opinião positiva ou negativa em relação ao taylorismo ? Justifique a sua resposta

4.2. Peter Drucker afirma em alguma parte do texto que o taylorismo não desumaniza o 
trabalho ? Fundamente a sua resposta.

4.3. Para Peter Drucker , qual foi a grande contribuição do taylorismo para a nossa sociedade ? .


quinta-feira, 23 de maio de 2019

esquema de aula . O Poder sobre a Empresa


Aula
Tema. O poder sobre a empresa
No âmbito social existem organizações que podem exercer poder sobre as empresas.
Os sindicatos podem alterar maneira de ser e atuar de uma empresa ou de um setor empresarial. A sua capacidade de mobilização é um recurso de poder que pode levar a empresa a repensar e alterar certas práticas
Os grupos de pressão (como, por exemplo, grupos de ambientalistas, mulheres, minorias e gays) também podem levar as empresas a alterar comportamentos/práticas.
Porém, o ator político com maior poder sobre a empresa é o Estado. O Estado tem um poder imperativo sobre a empresa. Isto quer dizer que à empresa só cabe obedecer aos comandos emanados do Estado sob a forma de leis, portarias, decretos etc. Por isso, é sobre ele que vamos concentrar a nossa atenção.
1. A origem do Estado

Historicamente, o Estado tem, aproximadamente, 5 000 anos. (Mesopotâmia e Egito antigo)
Gestão de obras públicas cria um corpo diretivo que se perpetua no comando. 


2. Sociedades com Estado e sociedades sem Estado

3. Evolução das formações políticas
Impérios
Estados absolutistas

4. O Estado Moderno
Para muitos autores, o Estado Moderno é uma criação da Paz de Westfália ( 1648)
Algumas determinações relevantes da Paz de Westfália:
a) o mundo consiste e está dividido em estados soberanos que não reconhecem nenhuma autoridade superior a eles.

b) o mundo passou a ser visto como um conjunto de estados

c) foram estabelecidos princípios de um direito internacional (ex. não intervenção)
Todos os Estados modernos são estados-nação

Caracterização do Estado moderno_____ O Estado é um ente político, um aparato político que tem soberania em um determinado território. Ele faz as leis que regerão a vida de todos que viverem sob esse Estado. Ele é órgão máximo de poder pois detém o monopólio da violência legítima.

Diferença entre Estado e governo ___________________________

4. Diferentes visões sobre o Estado

Visão marxista____ é um órgão de classe (um aparato político a serviço da classe dominante).

Visão social-democrata__ O Estado pode ser um importante instrumento como fator de crescimento econômico e de promoção da igualdade social. Esta visão promove o welfare-state , ou Estado do bem-estar social. 

Visão liberal_ O Estado deve ter funções bastante limitadas pois o crescimento da intervenção do Estado na vida social diminui as liberdades e o aumento das regulações no campo econômico prejudicam o crescimento. 

5. O Debate atual

Questão central____ Qual deve ser o tamanho do Estado?

Intervencionistas__ O Estado tem um papel importante a cumprir como agente econômico e como promotor da igualdade

Liberais. O Estado deve se ater a algumas poucas funções (fazer as leis, manter a ordem interna e garantir a defesa do território). Fora disso, a ação do Estado é deletéria.   

6. O poder do Estado sobre as empresas

a) Poder normativo. O Estado faz as leis (portarias, decretos, normas, etc) que todas as empresas devem obedecer . Caso não façam sofrerão sanções

b) Políticas de governo

7. O poder dos empresários em relação ao Estado (e o governo).

Os empresários podem agir sobre o Estado ou sobre o governo e com isso impedir ações que contrariem os seus interesses ou promover ações que beneficiem os seus interesses.
Isso pode ser feito através de

a) Lobby. Basicamente o lobby é a ação ou conjunto de ações destinadas a defender um determinado interesse junto ao corpo político ou à opinião pública de forma a criar uma atitude favorável, na maior parte dos casos, em relação a este determinado interesse. Nesse sentido, lobby nada tem a ver com corrupção.  

b) Órgãos de classe (sindicatos e federações patronais)

c) Financiamento de campanhas




terça-feira, 14 de maio de 2019

Esquema de aula. O poder na Empresa


Esquema de aula
Tema. O Poder na Empresa

1. Questão motivadora: Administrar é exercer o poder?

2. O poder produz obediência/conformidade.

3. Definição de poder__ A definição adotada aqui é a de Max Weber. Para Weber poder é a capacidade do ator A alterar o comportamento do ator b (individual ou coletivo) mesmo contra a vontade de B.

4. O poder é relacional (isto é, se dá no interior de uma relação social)

5. Ter poder é dispor de recursos. Os recursos básicos do poder são:
a. sanções (castigos) materiais ou simbólicas
b. recompensas materiais ou simbólicas

6. Poder e autoridade. Autoridade é o poder legítimo (noção de legitimidade)
A base da autoridade na empresa é racional-legal. Isto quer dizer que se obedece à lei (regulamentos, costumes, etc.) e não a uma pessoa.
O exercício do poder implica em resistência/oposição. Essa resistência pode ser foco de tensão e até, se a tensão aumentar, de oposição aberta e podendo chegar ao conflito  
Para evitar tal cenário é que se aconselha que o poder também deve ser negociado rotineiramente

7. Chefia e liderança
A noção de liderança_____________________________________
_____________________________________________________
______________________________________________________

8. Semelhança e diferença entre o chefe e o líder
Ambos ______________________________________________
Porém, o chefe _________________________________________
______________________________________________________

9. A noção de liderança carismática em Weber.

Atividades
Os dois textos abaixo foram extraídos do capítulo capítulo: Mudanças na Estrutura das Sociedades Industriais a partir de Marx. Ele é o segundo capítulo do livro As Classes e os seus Conflitos na Sociedade Industrial, Ralf Dahrendorf, Brasília, Editora da Universidade de Brasília/Fundação Roberto Marinho, 1978.

. A empresa como uma organização política. 
“ Na segunda metade do século XIX se chegou a forma empresarial da sociedade por ações na Inglaterra, Alemanha França e Estados Unidos. .....”
(....)
“ ... Este fato foi destacado acertadamente por Marx: o desdobramento da dupla função do empresário-capitalista em duas funções separadas, a de ‘capitalista’ (como disse Marx de forma equivocada) e a de ‘dirigente’, de diretor ou manager ,o qual , se juridicamente é só um empregado , controla de fato o processo de produção. Este fenômeno da separação entre propriedade e controle dá lugar a uma imagem estrutural do empresário na qual as posições superiores recaem sobre dois grupos bem diferenciados.
Figuram em uma destas posições os proprietários, os acionistas aos quais a lei, da mesma forma que anteriormente, garante a suprema autoridade. A decisão final cabe à assembleia geral, ou melhor, ao conselho que se constitui no seio desta. Também a presidência, os diretores e os gerentes são nomeados e depostos por esta instância. Na maioria dos casos, os acionistas têm escasso contato com a empresa da qual são proprietários. .... A segunda posição corresponde aos administradores. A administração diária da empresa, com frequência o seu planejamento estratégico de largo prazo, a última palavra é dada efetivamente por estes diretores. Eles decidem o que deve ser produzido e quanto deve ser produzido, a quantidade de pessoas que devem ser contratadas em cada momento e como comprar e vender. Se por propriedade entendemos uma situação social que exclui o controle, constatamos que os administradores (gerentes) se encontram numa posição paradoxal, pois possuem uma propriedade quase ilimitada sobre uma empresa que não lhes pertence. ”
Questão 1.1. Qual o tema dos dois parágrafos acima? (5 palavras). Não é preciso formar uma frase.  
2. Sobre o poder do gerente (gestor)
“ Do ponto de vista da estrutura social das empresas industriais, isto representa uma mudança significativa na base da autoridade da legitimidade da autoridade empresarial. O capitalista da velha guarda exercia a autoridade porque era proprietário dos meios de produção. O exercício da autoridade era parte e parcela de seus direitos de propriedade, uma vez que, na verdade, a propriedade pode sempre ser considerada, de um determinado ponto de vista, simplesmente como uma forma institucionalizada de autoridade sobre os demais. Em contraste com esta legitimação pela propriedade, a autoridade do gerente assemelha-se de muitas maneiras a dos dirigentes das instituições públicas. É verdade que, mesmo para o gerente, a propriedade não deixa de funcionar como uma base da autoridade. O direito que o gerente tem de comandar e esperar obediência deriva em parte dos direitos de propriedade delegados a ele pelos acionistas...Mas, ao lado desses direitos de propriedades delegados, o gerente, em virtude do seu contato mais imediato com os participantes da produção, tem de buscar uma segunda forma de legitimidade para a sua autoridade, a qual é, muitas vezes mais importante, qual seja algum tipo de consenso entre os que devem obedecer às suas ordens. ”
Questão 2.1. Qual o tema do parágrafo acima? (4 palavras). Não precisa formar uma frase. 
    Questão 2.2. Tendo como base a resposta acima, redija uma frase expondo o pensamento do           autor    sobre o tema do parágrafo (no máximo 15 palavras) 


sábado, 4 de maio de 2019

esquema de aula. Críticos da Sociedade Moderna


Esquema de aula
Críticos da Sociedade Moderna

Aprendemos que a Sociologia pode ser entendida como uma reação à sociedade moderna. Em primeiro lugar ela é uma reação porque alguns intelectuais se esforçaram por caracterizar e explicar o novo tipo de sociedade que tinha surgido da decadência da sociedade tradicional (agrária). Assim, a Sociologia surge para explicar a nova realidade social.

Porém, a Sociologia também pode ser vista como uma reação à sociedade moderna uma vez que os cientistas sociais do final do século XIX e início do XX se imbuíram de que a nova ciência também deveria contribuir para melhorar a sociedade existente. E isso implicava em criticar o que consideraram o principal ou os principais problemas criados pela realidade social.

Convém lembrar que a Sociologia não criou a crítica social. Na tradição ocidental até mesmo os profetas bíblicos podem ser considerados precursores da tradição crítica. Grosso modo, o que caracteriza a crítica social anterior ao surgimento da Sociologia é o seu caráter moral. O que esta nova ciência trouxe de novo à tradição crítica foi a sociologização da crítica social. Em termos bem simples isso quer dizer que os problemas sociais (objeto da crítica) têm causas sociais.

Os três principais sociólogos desse período , em maior ou menor grau, teceram críticas à nova realidade. Durkheim constatava que na sociedade moderna (industrial) a consciência coletiva (as crenças e respeito às normas que criavam um forte sentimento de comunidade) perdia força com o avanço da modernidade. Ele não via isso com bons olhos. Temia que isso levasse a sociedade a uma atomização; uma realidade na qual seriam bem fraco os nossos vínculos com os demais membros da sociedade. Ele não era pessimista, pois achava que a divisão do trabalho e outras instituições reconstruiriam esses vínculos em novas bases.

Weber era pessimista. Ele considerava a sociedade moderna como superior às que até então existiram. Porém, para ele a exaltação da razão (racionalidade instrumental) típica da modernidade acabaria criando uma realidade que reduziriam drasticamente o espaço para a espontaneidade e para a liberdade. Por isso , de forma pessimista, vê a nova realidade como uma gaiola de ferro,  ou seja, algo que suprime a liberdade.

Marx, sem dúvida, foi o que teceu as críticas mais contundentes à sociedade moderna. Embora ele não utilize este termo e prefira denominar a nova realidade social pela suas relações econômicas, ou seja, sociedade capitalista.

Pela importância política e acadêmica que as ideias de Marx tiveram e, de certa forma, ainda têm, vamos nos concentrar apenas nesse crítico da sociedade moderna.

A importância política das ideias de Marx 









Para ele, a sociedade capitalista estrutura-se sobre  o conflito de classes.
Para Marx a sociedade capitalista deve ser criticada porque
a) produz a alienação 





b) está baseada na exploração 






c) Está baseada na opressão






d) Se reproduz criando falsa consciência (ideologia)







A solução de todos esses problemas,  para  Marx,  viria da destruição (revolução) da sociedade capitalista. Isso aconteceria como resultado da luta de classes. A classe explorada premida pelas suas péssimas condições de vida (pauperização) tomaria consciência da situação de desumanização a que estava submetida e faria uma revolução. A partir dessa revolução seria construída uma sociedade comunista.


Atividades 
Abaixo você lerá trechos do capítulo: Mudanças na Estrutura das Sociedades Industriais a partir de Marx. Ele é o segundo capítulo do livro As Classes e os seus Conflitos na Sociedade Industrial, Ralf Dahrendorf, Brasília, Editora da Universidade de Brasília/Fundação Roberto Marinho, 1978.

Neste capítulo, Dahrendorf comenta criticamente algumas previsões que Karl Marx fez sobre o futuro da sociedade capitalista. Karl Marx foi um pensador que viveu e produziu intelectualmente no século XIX e fez uma volumosa e bastante elogiada análise do funcionamento da economia e da sociedade capitalista. Para Marx, a estrutura econômica da sociedade determina a estrutura social, política e cultural da sociedade. Baseado no estado do capitalismo no século XIX, Marx fez algumas previsões sobre o futuro da sociedade capitalista. Dahrendorf não nega o valor das análises de Marx. Para ele, suas análises foram excelentes, mas restringem-se à sociedade capitalista do século XIX. Embora baseada em tendências, as previsões de Marx, segundo Dahrendorf, não se realizaram. 
Ralf Dahrendorf ( 1929/2009) foi um sociólogo com inúmeros livros publicados em diversos idiomas. Ele foi diretor da LSE (London School of Economic and Political Science) no período 1979/89 e foi decano numa das faculdades que compõem a Universidade de Oxford.  



1. Sobre a situação dos trabalhadores
“ Marx foi um autêntico pensador do século XIX ao tentar derivar a sua previsão a respeito da crescente homogeneidade do operariado a partir da premissa de que o desenvolvimento técnico da indústria tenderia a abolir todas as diferenças de especialização e qualificação .....Marx adotou tranquilamente esta posição que se adaptava tão bem a suas teorias gerais da estrutura de classes sociais . Para ele ‘ Os interesses e as situações de vida do proletariado uniformizam-se cada vez mais, uma vez que a maquinaria extingue progressivamente as diferenças do trabalho e deprime o salário praticamente em todos os lugares, a um nível igualmente baixo’ “
“Na verdade, tanto quanto se pode afirmar com base nos elementos disponíveis, até o fim do século XIX prevaleceu a tendência `a não especialização da maior parte dos trabalhadores industriais; isto é a sua redução a um mesmo nível baixo de qualificação…”
(....)
“Neste caso como em outros, Marx estava evidentemente enganado. ‘Em todos os lugares a classe trabalhadora se diferencia cada vez mais, por um lado, em grupos ocupacionais e, por outro lado, em três grandes categorias com interesses diferentes, quando não contraditórios: os artífices especializados, os trabalhadores não especializados e os operários semiespecializados “
“.... O proletário, o escravo pauperizado da indústria indiferenciável dos seus companheiros em termos de trabalho, competência, salário e prestígio, desapareceu da cena “
Questão No primeiro parágrafo, Marx afirma que a classe operária sofreria dois processos de homogeneização.
1.1. Qual o primeiro processo de homogeneização apontado por Marx?
1.2. Qual o segundo processo de homogeneização apontado por Marx?
1.3. O que causaria estes dois processos? 

2. Sobre a classe média
Para Marx a classe média tendia a desaparecer. Lembre-se que ele morreu em 1883 e, portanto, estava falando da realidade que lhe era familiar. A classe média do tempo de Marx era basicamente composta por pequenos proprietários rurais e pequenos comerciantes e, por isso, ele a chama de pequena burguesia. A seu ver a concentração capitalista, ou seja, o processo no qual os grandes capitalistas levam os menores á falência ou compram as suas empresas, levaria a uma redução do tamanho da classe média. Evidentemente que tendo o seu tamanho reduzido, ela não teria forças para interferir na dinâmica da política.
Dahrendorf, que escreveu quase cem anos depois de Marx, viu outra realidade social. Para ele, a classe média, ao contrário de ficar reduzida, cresceu gigantescamente e adquiriu uma importância política desproporcional ao seu tamanho. 
2.1. Marx estava correto ao afirmar que a concentração do capital é uma tendência inexorável na dinâmica do sistema capitalista? Fundamente a sua resposta. Lembre-se de organizar uma frase que fique claro a sua tese (se Marx estava certo ou errado nesse ponto)
2.2. Leia a frase abaixo e diga se você concorda ou discorda dela. Não esqueça que você deve fundamentar a sua opção.
Ao contrário do que Marx imaginava, a concentração capitalista destrói pequenos negócios, mas, ao mesmo tempo, cria oportunidade para o surgimento de outros negócios.

3. Sobre a mobilidade social
“ ... Mas, para Marx, a mobilidade social era um sintoma de períodos transitórios e efêmeros da história, isto é , sintomas do surgimento ou do colapso iminente de uma sociedade. Hoje tenderíamos a tomar uma posição oposta. A mobilidade social tornou-se um dos elementos cruciais da estrutura da sociedade industrial a tal ponto que estaríamos tentados a prever o seu colapso caso o processo de mobilidade fosse seriamente frustrado, estorvado do surgimento ou do colapso “
(....)
“...Quando Marx escreveu a sua obra supôs que a posição ocupada por um indivíduo na sociedade é determinada pela origem da sua família e pela posição social dos seus pais. Os filhos de operários não têm outra escolha a não senão tornar-se eles próprios operários, e os filhos dos capitalistas permanecem na classe dos seus pais. Em sua época, provavelmente, esta suposição não se afastava muito da verdade. Mas, a partir de então, um novo modelo de alocação de papéis institucionalizou-se nas sociedades industriais. Hoje a alocação das posições sociais é, cada vez mais, tarefa do sistema educacional. .... A mobilidade social que, para Marx, era a exceção que confirmava a regra do fechamento das classes, transformou-se em uma estrutura das sociedades industriais ...“
Questão 3.1. Qual a tese de Marx sobre a mobilidade social na sociedade capitalista.    
Questão. 3.2 Qual é a tese de Dahrendorf sobre a mobilidade social na sociedade capitalista.
Questão. 3.3. Qual seria o principal fator de mobilidade social nas sociedades capitalistas?
4. Sobre a igualdade. ATENÇÃO. O texto abaixo tem um grau de dificuldade maior. O aluno precisa saber distinguir as partes do texto nas quais Dahrendorf expressa o que Marx teria dito sobre um determinado tema e as partes em que expõe a sua ideia sobre este mesmo tema. 
“Com efeito, Marx empregou seu estilo mais debochado e cínico ao referir-se à igualdade perante a lei na sociedade capitalista: ‘ Liberdade! Pois os compradores e vendedores de um bem, por exemplo, a força de trabalho, são determinados exclusivamente por sua livre vontade. Eles estabelecem contratos como pessoas livres e legalmente iguais...Igualdade! Pois eles se relacionam apenas como possuidores de bens e trocam equivalentes por equivalentes. Propriedade! Pois cada pessoa controla apenas o que é seu. ’ . Mas Marx esqueceu do que Tocqueville (cuja obra provavelmente ele conhecia) já havia observado antes dele, ou seja, que a igualdade é uma força altamente dinâmica e que se os homens são iguais em algumas áreas ‘devem, afinal, ser iguais em todas elas ‘ “
“Um passo considerável em direção à igualdade completa foi dado no século XIX, quando os direitos do cidadão foram estendidos à esfera política. O sufrágio universal e o direito à formação de partidos e associações políticas envolveram a remoção dos conflitos políticos das fábricas e das ruas para os órgãos de negociação e os parlamentos. Em um nível diferente, isso abriu a possibilidade de que os seguidores de Marx convertessem as teorias do seu mestre em realidades políticas – mas que também fez com que elas fracassassem nesse processo tão miseravelmente quanto o próprio Marx. Em virtude da liberdade de associação e da igualdade política, o movimento sindicalista original, assim como os partidos socialistas dele derivados, obtiveram êxito considerável em melhorar a sorte da classe trabalhadora , embora este progresso fosse restringido por muitos obstáculos..... Somente no nosso século (o século XX) , quando os direitos legais e políticos do cidadão foram suplementados por certos direitos sociais , o processo de equalização do status alcançou realmente o ponto em que as diferenças e os antagonismos de classe foram atingidos “
.... “Se a igualdade perante a lei era apenas uma ficção cínica para a maior parte das pessoas nas primeiras fases da sociedade capitalista, os amplos direitos do cidadão na sociedade industrial representam uma realidade em que neutraliza forçosamente todas as formas remanescentes de desigualdade e diferenciação sociais “
 Questão 4.1. Qual o tema central deste trecho ? Exponha a posição que, segundo Dahrendorf, Marx teria sobre este tema e exponha a posição assumida por Dahrendorf sobre este mesmo tema. ATENÇÃO. Seja o mais objetivo possível e deixe claro a oposição entre as duas posições defendidas. 


5. Sobre o conflito de classes.
“ Marx revelou certa ingenuidade sociológica ao expressar sua crença em que a sociedade capitalista seria inteiramente incapaz de lidar com o conflito de classes gerado por sua estrutura de classes (capitalistas X operários). Na verdade, todas as sociedades são capazes de enfrentar quaisquer novos fenômenos surgidos em seus seio, pelo menos pela inércia, simples , mas efetiva, que pode ser descrita , um pouco pretensiosamente , como o processo de institucionalização. No caso dos conflitos de classe, a institucionalização assumiu numerosas formas sucessivas e complementares. Teve início com o penoso processo de reconhecimento das partes disputantes como legítimos grupos de interesse. Dentro da indústria, um sistema secundário de cidadania industrial tornou possível tanto aos operários quanto aos empresários defender coletivamente os seus interesses. Fora da indústria, o sistema primário de cidadania política teve o mesmo efeito . E, se , no estágio de organização , o conflito pode desenvolver um intensidade visivelmente maior , a organização produz , pelo menos dois efeitos colaterais que operam em sentido contrário. A organização (dos interesses em conflito) pressupõe a legitimidade dos grupos em conflito e com isso remove a ameaça permanente e incalculável do conflito violento, intenso e altamente destrutivo, cuja expressão mais radical é a luta armada. Ao mesmo tempo, torna possível a regulação sistemática dos conflitos. Organização é institucionalização, e, enquanto a sua função manifesta é a defesa e cada vez mais articulada e veemente dos interesses dos diferentes grupos, ela também tem, invariavelmente, a função latente de estabelecer procedimentos de conflito que contribuem para reduzir a violência dos choques de interesse”
“Estas são generalizações derivadas da experiência dos conflitos de classe nas sociedades capitalistas e industriais. Neste caso, a organização do capital e do trabalho, da burguesia e do operariado, foi logo seguida por diversos modelos posteriores de regulamentação dos conflitos. Por um lado, as partes disputantes na indústria e na política puseram-se de acordo quanto às regras do jogo e criaram instituições que proporcionaram um arcabouço para a normalização do processo do conflito. Na indústria elas incluem órgãos de negociação coletiva de diversos tipos e os tribunais desempenham funções similares. Todas estas formas ajudam a transformar as greves e guerras civis das armas que antes eram a forma natural de expressão dos conflitos em recurso final para estes mesmos conflitos. “
“Marx foi tão sensibilizado pela dinâmica dos primeiros conflitos industriais que acreditou ser totalmente impossível sua resolução satisfatória a não ser através de uma revolução. No entanto, como muitos dos seus contemporâneos Marx se enganou …. Ao invés de um campo de batalha, o cenário do conflito de grupos tornou-se uma espécie de mercado em que forças relativamente autônomas confrontam-se de acordo com certas regras do jogo em virtude das quais ninguém é permanentemente vencedor ou perdedor. Naturalmente, este curso de desenvolvimento deve ser amargo para os marxistas ortodoxos ....mas o seu amargor é do tipo que faz sorrir os liberais “
Questão 5.1. Qual a previsão que Marx fez em relação ao conflito de classes na sociedade capitalista?
Questão 5.2. O que, segundo Dahrendorf, efetivamente aconteceu com o conflito de classes nas sociedades industriais?

Leitura de textos acadêmicos. Texto 1


Desenvolvendo a competência na leitura de textos acadêmicos.

A leitura de textos acadêmicos é fundamental para o aluno do ensino superior. Ao entrar na faculdade o aluno se confronta com textos que, na maior parte das vezes, foram escritos por um intelectual para expor as suas ideias aos seus pares, ou seja, para outros intelectuais. Não poderia ser diferente, pois espera-se que os alunos, uma vez formados, possam participar desse debate. Isso, certamente coloca dificuldades de compreensão para os alunos iniciantes. O problema é que sem compreender perfeitamente os textos dados, o aluno não poderá crescer intelectualmente.
Acreditamos que a leitura de textos acadêmicos é uma competência que pode e deve ser desenvolvida. Evidentemente que isso demanda esforço por parte dos alunos. O ideal seria que aos alunos fosse dado gradativamente textos com dificuldades que se tornariam crescentes e, dessa forma, o aluno iria se familiarizando com as dificuldades de compreensão inerentes aos textos acadêmicos e avançando de forma segura na compreensão dos mesmos.  Isso, contudo, seria o conteúdo de um curso.  
A competência da leitura de textos acadêmicos é, de certa maneira, como a forma física. Entramos em forma, quanto mais praticamos. Assim, vamos postar textos que tratem de assuntos correlatos ao campo da Administração e que foram escritos por autores que, em grande medida, pautam a discussão atual sobre cada um dos temas apresentados. Ao lê-los, o aluno estará adentrando no debate sobre o tema em pauta e enfrentando a complexidade dos textos acadêmicos. Os textos postados são curtos para que o aluno possa relê-los até tê-los entendido adequadamente.

Textos 1 .
O futuro do trabalho e do emprego

Os textos que você lerá abaixo tratam do futuro do trabalho e do emprego. Eles fazem algumas previsões sobre o que acontecerá com o trabalho e com o emprego seja a curto ou a médio prazo. E
Lembre-se que os textos abaixo tratam de previsões sobre o mundo do emprego e do trabalho. Toda previsão parte de uma ou mais premissas sobre o mundo atual. Por isso, é necessário que você perceba que são estas premissas que fundamentam a previsão.
O conteúdo desses textos não esgota a discussão sobre o futuro do emprego e do trabalho. Ao ler e compreender esses textos, o aluno estará mais capacitado a acompanhar a discussão que é feita sobre esse tema e começar a ter um discurso concatenado sobre o tema. Nunca se esqueçam de citar o nome autor ao responder o que for pedido. 

Texto 1. 

O texto abaixo são as primeiras páginas do capítulo 1 do livro  The End of Work. The Decline of the Global Labor Force and the Dawn of the Post-Market Era. Jeremy Rifkin. NY. The Putnam Book,1995. Há uma versão em português. O Fim dos Empregos. O contínuo crescimento do desemprego em todo o mundo. Jeremy Rifkin, SP. M.Books, 2004.
Este texto é de baixa dificuldade de compreensão.
 “Desde o seu início, a civilização tem sido estruturada, em larga medida, em torno do conceito de trabalho.  Dos caçadores e coletores do período paleolítico, do pelo agricultor do período neolítico e da antiguidade, passando pelo artesão medieval e chegando a linha de montagem das fábricas modernas, o trabalho tem sido uma parte muito importante da nossa existência. Agora, pela primeira vez, o trabalho humano tem sido sistematicamente eliminado do processo de produção. Em menos de um século o trabalho em massa, característica dos tempos que nos antecederam está sendo reduzido drasticamente em todas as nações industrializadas. Uma nova geração de tecnologias da informação e de comunicação estão sendo rapidamente introduzidas em uma ampla gama de situações de trabalho. Máquinas inteligentes estão substituindo os seres humanos em um grande número de tarefas, levando milhões de trabalhadores nas fábricas e escritórios ao desemprego e à pobreza.

Nossos líderes corporativos e economistas nos dizem que o crescente desemprego expressa apenas um ajuste de curto prazo necessário em vista das forças de mercado decorrentes da Terceira Revolução Industrial. Eles anteveem a promessa de um mundo de elevado progresso tecnológico, grande aumento do comércio mundial e de inigualável abundância material.

Milhões de trabalhadores estão céticos. Toda semana eles aprendem que devem se preparar para algo ruim. Nos escritórios e fábricas em todo o mundo, as pessoas esperam com medo, acreditando que serão demitidas em breve. Tal qual uma epidemia mortal que inexoravelmente vai matando um grande número de pessoas, a estranha e aparentemente inexplicável nova doença econômica destrói vidas e desestabiliza comunidades em seu avanço. Nos Estados Unidos, as empresas têm eliminado mais de dois milhões de empregos anualmente.  Em Los Angeles, o First Interstate Bankcorp, o décimo terceiro maior banco do país, recentemente reestruturou suas operações eliminando 9 000 empregos, o que significa mais de 25% da sua força de trabalho. Em Columbus, Indiana, a empresa Arvin fez uma reestruturação na planta produtiva da sua fábrica de componentes automotivos e demitiu quase 10% dos seus empregados. Em Danbury, no estado de Connecticut, a Union Carbide empreendeu uma operação de reengenharia em toda a empresa. No ano de 1995, com essa reengenharia, a Union Carbide, reduziu seus custos em 575 milhões de dólares. Esse processo 13 990 empregados, quase 22% da sua força de trabalho, foram demitidos. A Union Carbide espera cortar mais 22% dos seus empregados nos próximos dois anos.

Centenas de outras companhias também estão anunciando que farão demissões. A GTE, uma gigante do ramo telefônico, recentemente cortou 17 000 empregos. A NYNEX Corporation anunciou estar cortando 16 800 empregos. A Pacific Telesis pretende cortar mais de 10 000. A maioria dos cortes, diz o Wall Street Journal, estão sendo causados pela introdução de novos programas de computador, redes mais amplas de comunicação e outras inovações no campo da tecnologia que possibilitam as empresas produzirem mais com menos empregos.

Há empregos sendo criados na economia norte-americana, porém, eles são nos setores que notoriamente pagam baixos salários e nos empregos temporários.  Em abril de 1994, dois terços dos novos empregos criados no país foram na parte de baixo da pirâmide salarial. Os dados referentes ao ano de 1994 mostram que o desemprego nas grandes corporações aumento em 13% em comparação ao ano anterior.

A redução dos empregos bem pagos não é exclusividade da economia dos Estados Unidos. Na Alemanha, a Siemens, um gigante do ramo eletrônico e da engenharia, em três anos, reduziu o seu corpo gerencial em quase 30% e eliminou mais de 16 000 empregos em suas empresas em todo o mundo. Na Suécia a ICA fez um processo de reengenharia em suas operações e informatizou inúmeras operações. Essas inovações gerenciais e tecnológicas possibilitaram a empresa reduzir em 30% os seus depósitos e centros de distribuição, cortando seus custos pela metade. Esse processo permitiu a ICA demitir mais de 5000 trabalhadores, o que corresponde a quase 30% de toda a sua força de trabalho e, ao mesmo tempo, aumentar seus rendimentos em mais de 15%.  No Japão, a NTT, uma empresa gigante do ramo de telecomunicações, anunciou a intenção de cortar 10 000 empregos em 1993 e acrescentou que, como parte do seu programa de reestruturação, ela poderia ainda vir a cortar mais 30 000 empregos, ou seja, 15% da sua força de trabalho.

O número de desempregados e de subempregados está aumentando diariamente nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.  As nações em desenvolvimento enfrentam o desemprego tecnológico nas filiais das multinacionais instaladas em seus territórios. Desta forma milhões de pessoas se veem numa situação de total insegurança tendo em vista que não têm como enfrentar e resistir às estratégias de corte de custo (reengenharia), às inovações tecnológicas introduzidas no mundo empresarial. Em um número cada vez maior de países as notícias que vêm do mundo das empresas falam de modo de produção enxuto, reengenharia, gerência de qualidade total, pós-fordismo, downsizing e outras que fazem que homens e mulheres fiquem extremamente preocupados em relação ao futuro. Os jovens estão aprendendo a descarregar suas frustrações através de comportamentos antissociais.

Trabalhadores mais velhos que viveram um passado próspero e de esperança temem um futuro sombrio e se sentem aprisionados por forças sobre as quais não têm o menor controle. Por todo o mundo há uma clara certeza de que uma mudança profunda está em curso. Uma mudança tão profunda e vasta que mal podemos compreender seu impacto. A vida, como nós a conhecemos está sendo alterada de forma fundamental. ” 

Atividade do texto 1

 Qual é a tese defendida por Jeremy Rifkin e como ele fundamenta a sua tese?

Texto 2.

O texto abaixo foi retirado do livro: Um Mundo sem Empregos. Jobshift. Os Desafios da Sociedade Pós-Industrial. William Bridges. SP. Makron Books, 1995. Lembro que, às vezes, alterei a ordem de alguns parágrafos para que a ideia central do autor fosse mais facilmente percebida e (ou) o texto ficasse mais fácil de ser entendido.

O texto abaixo apresenta uma dificuldade um pouco maior uma vez que ele estabelece uma distinção entre dois conceitos que, no dia a dia, são tratados como sinônimos. Sem perceber essa distinção,   o aluno não compreenderá o texto.

“ Enquanto escrevo este prefácio, o jornal da manhã traz mais um caso de novas ´perdas de emprego´ - na verdade, diversos casos. Dizem-nos que a recessão já acabou há muito tempo, mas a porcentagem da força de trabalho que está desempregada não caiu de maneira como aconteceu no final das recessões anteriores. A administração Clinton está tentando ‘criar empregos’ , embora seus críticos afirmem que alguns dos novos impostos e regulamentos ‘destruirão os empregos’ . Ouvimos dizer que a única maneira de protegermos nossos empregos é aumentar nossa produtividade, mas depois descobrimos que fazer a reengenharia de nossos processos de trabalho , utilizar equipes autogeridas , nivelar nossas organizações e transferir nossos trabalhos rotineiros sempre torna muitos empregos redundantes.
“A realidade é muito mais preocupante porque o que está desaparecendo hoje não é apenas um certo número de empregos, ou empregos de certas áreas econômicas, ou empregos de alguma parte do país - ou até mesmo empregos nos Estados Unidos como um todo. O que está desaparecendo é a coisa em si: o emprego. Essa tão procurada e tão difamada entidade social está desaparecendo hoje como uma espécie que sobreviveu além do seu tempo evolucionário. ”
“ O emprego é um artefato social , embora esteja tão arraigado em nossas consciências que a maioria de nós se esqueceu de sua artificialidade ou do fato de que a maioria das , espécies , desde o início dos tempos, tenha se saído muito bem sem empregos. O conceito de emprego surgiu no começo do século XIX , para englobar o trabalho que precisava ser feito nas crescentes fábricas e burocracias das nações em fase de industrialização . Antes de ter empregos, as pessoas trabalhavam de maneira igualmente árdua , mas em grupo mutáveis de tarefas , numa variedade de localizações , de acordo com uma programação determinada pelo sol, pelo tempo e pelas necessidades do dia. O emprego moderno foi uma nova ideia assustadora – para muitas pessoas , uma ideia desagradável e até mesmo socialmente perigosa. Seus críticos afirmavam que era um modo antinatural e até desumano de se trabalhar. Previam que a maioria das pessoas não seria capaz de conviver com suas exigências.” Páginas XIV e XV
Mas esta não é mais uma lamúria de que ‘ a economia está afundando’ – longe disso, porque acredito que o mundo moderno encontra-se `a beira de um enorme salto rumo à criatividade e produtividade. Mas o emprego não vai fazer parte da realidade econômica de amanhã. Embora sempre exista uma enorme quantidade de trabalho para ser feita, este livro sugere que o trabalho não estará contido nos invólucros tão conhecidos a que chamamos de emprego. Na verdade, muitas organizações hoje estão prestes a ficar ‘desprovidas ‘ de emprego.
“ No sentido quantitativo, o desaparecimento dos empregos é simplesmente um jogo de números: o mesmo trabalho que há alguns anos costumava exigir uma centena de trabalhadores, hoje pode ser feito por cinquenta – e talvez por dez amanhã. Isso não é novidade. Já estamos transferindo as tarefas de fabricação para máquinas há quase duzentos anos. Fizemos isso tão eficazmente que o setor industrial de nossa economia hoje produz, com um número não maior de trabalhadores, cinco vezes mais bens do que ao final da Segunda Guerra Mundial. ”
Não são apenas os empregos na área de produção que estão desaparecendo. Proporcionalmente, os empregos administrativos estão desaparecendo ainda mais rapidamente e outro tanto está ameaçado
Está ocorrendo uma mudança qualitativa também. Não se trata apenas de um número menor de empregos ao estilo antigo. As condições de trabalho motivadas pelas novas realidades tecnológicas e econômicas não são empregos no sentido tradicional.; e em grande parte do que está sendo feito nas organizações atualmente é feita por pessoas que não têm um ‘ emprego formal’ . Certamente é sugestivo que a empresa privada que emprega mais americanos do que qualquer outra – cujos 560 000 empregados superam outros gigantes como a GM (atualmente com 365 000 e a IBM (atualmente com 330 000) – seja uma agência de empregos temporários , a Manpower. Não há dúvida de que, como a imprensa começou a reconhecer, os Estados Unidos estão sendo ‘temporizados’. Os trabalhos temporários e de horário não integral estão participando cada vez mais do trabalho das organizações americanas, e o processo tem ido mais longe do que a maioria das pessoas pode perceber. Um memorando confidencial do Bank of America, que vazou para a imprensa, estimava que ‘ logo somente 19% dos empregados do banco ainda trabalharão em tempo integral’ páginas 8 a 11
“Algumas das alternativas para os empregos são óbvias: você pode iniciar um negócio por conta própria ; pode tornar-se um artista , um consultor, pode fazer trabalho autônomo , ou trabalho em tempo não integral , ou trabalho por empreitada em sua casa. E, sob a pressão do desaparecimento dos empregos nas organizações americanas, cada vez mais pessoas estão fazendo estas coisas. Mas há também outra resposta mais difícil de ser articulada (e impossível de se medir) porque não se situa dentro das fronteiras familiares do tempo não integral e do auto emprego. Essa resposta é que você pode fazer aquilo que um número cada vez maior de pessoas está fazendo: trabalhando dentro de organizações como empregados de tempo integral , mas sob arranjos por demais fluídos e idiossincráticos para serem chamados de empregos. P. 46 e 47
“ Encontramo-nos num divisor de águas comparável atualmente. Novamente, o futuro parece ser tão perigoso quanto incerto. Novamente podemos ver os sombrios contornos do novo mundo pós-emprego e, mais uma vez não temos certeza de que seremos capazes de administrar a nova vida que nos espera. E o que devemos fazer ? p. 190
“Todos nós teremos de aprender novas maneiras de trabalhar. ...Embora em alguns casos as novas maneiras de se trabalhar exijam novas habilidades tecnológicas, na maioria das vezes exigirão algo mais fundamental: a ‘habilidade’ para descobrir e realizar trabalho num mundo sem empregos bem definidos e estáveis. Tornou-se quase um truísmo que as carreiras hoje devem ser autogeridas, mas frequentemente essa afirmação simplesmente significa que você terá que encontrar seu próximo emprego sem ajuda externa . O problema é que esse conselho já está desatualizado. Os trabalhadores de hoje precisam esquecer completamente os empregos e procurar , em vez disso, o trabalho que precisa ser feito - e então se organizarem quanto à melhor maneira de realizar o trabalho” prefácio XV

Atividade do texto 2

Qual é a tese defendida por William Bridges neste texto?

Texto 3.

O trecho abaixo foi retirado do capítulo: O Empregado Autônomo , capítulo 18 do livro Powershift. As Mudanças do Poder. Alvin Toffler, RJ, Editora Record,1993
O texto abaixo apresenta uma dificuldade um pouco maior do que os anteriores. A base da dificuldade desse texto é o grande número de conceitos que o aluno precisa dominar para poder entender exatamente o que o autor está afirmando. Esse tipo de dificuldade, por sua vez, cria um complicador a mais; fica difícil distinguir o que é essencial e o que é secundário no texto abaixo. Por isso ele exigirá um esforço maior.

“ Grande parte da relativa impotência da classe trabalhadora industrial era derivada precisamente deste fato; eles eram intercambiáveis. Desde que os cargos exigiam pouca qualificação e os operários podiam ser treinados em pouco tempo para fazer uma tarefa de cor, um operário era tão bom quanto outro qualquer. Especialmente em períodos de excesso de mão de obra , os salários baixavam e os operários , mesmo quando sindicalizados , tinham pouco poder de barganha.
(....)
Além do mais , à medida que o componente do conhecimento do trabalho aumenta, os empregos se tornam mais individualizados, isto é, menos intercambiáveis. Segundo o consultor James P Ware, vice-presidente do Index Group ‘ os trabalhadores com base no conhecimento são cada vez menos substituíveis. As ferramentas são usadas de maneiras diferentes por cada trabalhador que usa o conhecimento. Um engenheiro usa o computador de forma diferente do seguinte. Uma analista de mercado analisa as coisas de uma maneira ; o seguinte é diferente.’
Quando um trabalhador vai embora , a companhia precisa encontrar outro com capacidade igual, o que se torna matematicamente mais difícil ( e mais dispendioso) à medida que aumenta a variedade de aptidões , ou terá que treinar outra pessoa , o que também é dispendioso. Daí os custos de substituir qualquer indivíduo aumentam , e o poder de barganha desse indivíduo aumenta na mesma proporção. “
(......)
Na era das chaminés, nenhum empregado isolado tinha um poder significativo em qualquer disputa com a firma. Só uma coletividade de trabalhadores, unidos e ameaçando parar os músculos, podia obrigar uma administração recalcitrante a melhorar o salário ou as condições de trabalho. Só a ação em grupo podia reduzir ou parar a produção, porque qualquer indivíduo era facilmente intercambiável e, por isso , substituível. Foi essa a base para a formação dos sindicatos dos trabalhadores.
(....)
[ Hoje] Muito mais importante é o deslocamento em direção à não intercambialidade. Á medida que o trabalho fica mais diferenciado , a posição de barganha dos indivíduos com aptidões cruciais vai melhorando . Os indivíduos, e não apenas os grupos organizados , podem exercer influência.
(...)
Hoje estamos passando pela transferência seguinte de poder no local de trabalho. Uma das grandes ironias da história é o fato de estar surgindo um empregado autônomo que, de fato, é dono dos meios de produção. Os novos meios de produção, no entanto, não se encontram na caixa de ferramenta do artesão ou na maciça maquinaria da era das chaminés. Eles estão , em vez disso, estalando no interior do crânio do empregado- onde a sociedade irá encontrar a mais importante fonte individual de riqueza e poder futuros. “

Atividade do texto 3. Qual a tese defendia por Alvin Toffler no texto acima?

Te      
Texto 4.

 O  texto abaixo intitula-se As dimensões da crise no mundo do trabalho, escrito por Ricardo Antunes , autor de vários livros sobre Sociologia do Trabalho. Este encontra-se no seguinte endereço eletrônico: http://www.adua.org.br/artigos.php?cod=92

O texto abaixo apresenta a visão de um autor marxista sobre o cenário no mundo do trabalho nos dias atuais. Este texto também traz o complicador do texto acima. Ele utiliza conceitos que são desconhecidos para a quase totalidade dos alunos dos primeiros anos. Além disso, o aluno deverá perceber que no texto dois temas são tratados.  

"Nos últimos anos, particularmente depois da década de 1970, o mundo do trabalho vivenciou uma situação fortemente crítica, talvez a maior desde o nascimento da classe trabalhadora e do próprio movimento operário inglês. O entendimento dos elementos constitutivos desta crise é de grande complexidade, uma vez que, neste mesmo período, ocorrem mutações intensas, de ordens diferenciadas, e que, no seu conjunto, acabaram por acarretar consequências muito fortes no interior do movimento operário, e, em particular, no âmbito do movimento sindical. O entendimento deste quadro, portanto, supõe uma análise da totalidade dos elementos constitutivos deste cenário, empreendimento ao mesmo tempo difícil e imprescindível, que não pode ser tratado de maneira ligeira.
Neste artigo, vamos somente indicar alguns elementos que são centrais em nosso entendimento, para uma apreensão mais totalizante da crise que se abateu no interior do movimento operário. ....
Começamos dizendo que neste período vivenciamos um quadro de crise estrutural do capital, que se abateu no conjunto das economias capitalistas, especialmente a partir do início dos anos 70. Sua intensidade é tão profunda que levou o capital a desenvolver "práticas materiais da destrutiva  auto reprodução ampliada ao ponto em que fazem surgir o espectro da destruição global, em lugar de aceitar as requeridas restrições positivas no interior da produção para satisfação das necessidades humanas".
Esta crise fez com que, entre tantas outras consequências, o capital implementasse um vastíssimo processo de reestruturação, com vistas à recuperação do ciclo de reprodução do capital e que, como veremos, afetou fortemente o mundo do trabalho. Retomaremos adiante este ponto.

Um segundo elemento fundamental para o entendimento das causas do refluxo do movimento operário decorre do explosivo desmoronamento do Leste europeu (e da quase totalidade dos países que tentaram uma transição socialista, com a URSS à frente), propagando-se, no interior do mundo do trabalho, a falsa ideia do "fim do socialismo". Embora a longo prazo as consequências do fim do Leste europeu sejam eivadas de positividades (pois coloca-se a possibilidade da retomada, em bases inteiramente novas, de um projeto socialista de novo tipo, que recuse, entre outros pontos nefastos, a tese staliniana do "socialismo num só país" e recupere elementos centrais da formação de Marx), no plano mais imediato houve, em significativos contingentes da classe trabalhadora e do movimento operário, a aceitação e mesmo assimilação da nefasta e equivocada tese do "fim do socialismo" e, como dizem os apologistas da ordem, do fim do marxismo.

E mais, ainda como consequência do fim do chamado "bloco socialista", os países capitalistas centrais vêm rebaixando brutalmente os direitos e as conquistas sociais dos trabalhadores, dada a "inexistência", segundo o capital, do "perigo socialista" hoje. Portanto, o desmoronamento da URSS e do Leste europeu, ao final dos anos 80, teve enorme impacto no movimento operário. Bastaria somente lembrar a crise que se abateu nos partidos comunistas tradicionais, e no sindicalismo a eles vinculado. (...)

É preciso acrescentar ainda que, com a enorme expansão do neoliberalismo a partir de fins dos anos 70, e a consequente crise do Welfare-State, deu-se um processo de regressão da própria social-democracia, que passou a atuar de maneira muito próxima da agenda neoliberal. O projeto neoliberal passou a ditar o ideário e o programa a serem implementados pelos países capitalistas, inicialmente no centro e logo depois nos países subordinados, contemplando restruturação produtiva, privatização acelerada, enxugamento do estado, políticas fiscais e monetárias sintonizadas com os organismos mundiais de hegemonia do capital como FMI e BIRD, desmontagem dos direitos sociais dos trabalhadores, combate cerrado ao sindicalismo classista, propagação de um subjetivismo e de um individualismo exacerbados da qual a cultura "pós-moderna" é expressão, animosidade direta contra qualquer proposta socialista contrária aos valores e interesses do capital etc.
(...)

Como resposta do capital à sua crise estrutural, várias mutações vêm ocorrendo e que são fundamentais nesta viagem do século XX para o século XXI, caso se queira, como ensinou Marx, "apoderar-se da matéria, em seus pormenores, analisar suas diferentes formas de desenvolvimento e de perquirir a conexão íntima que há entre elas" (conforme a nossa epígrafe recolhida do posfácio à 2ª edição de O capital, de 1873). Uma delas, e que tem importância central, diz respeito às metamorfoses no processo de produção do capital e suas repercussões no processo de trabalho.

Particularmente nas últimas décadas, como respostas do capital à crise dos anos 70, intensificaram-se as transformações no próprio processo produtivo, através do avanço tecnológico, da constituição das formas de acumulação flexível e dos modelos alternativos ao binômio taylorismo/fordismo, no qual se destaca, para o capital, especialmente, o modelo "toyotista" ou o modelo japonês. Estas transformações, decorrentes, por um lado, da própria concorrência intercapitalista e, por outro, dada pela necessidade de controlar o movimento operário e a luta de classes, acabaram por afetar fortemente a classe trabalhadora e o seu movimento sindical.

Fundamentalmente, essa forma de produção flexibilizada busca a adesão de fundo, por parte dos trabalhadores, que devem abraçar, de "corpo e alma", o projeto do capital.
Procura-se uma forma daquilo que chamei, em Adeus ao trabalho? de envolvimento manipulatório levado ao limite, no qual o capital busca o consentimento e a adesão dos trabalhadores, no interior das empresas, para viabilizar um projeto que é aquele desenhado e concebido segundo os fundamentos exclusivos do capital.

Atividades do texto 4

4.1. Qual  é a tese apresentada na primeira parte do texto?

4.2. Qual é a tese apresentada na segunda parte do texto?

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Ficha de avaliação para o trabalho de final de curso


Atenção. A ficha abaixo será entregue a  cada grupo no dia da sua apresentação. 


Os alunos não precisam trazer essa folha. 

O objetivo da postagem dessa ficha de avaliação é informar aos alunos os 
critérios pelos quais o trabalho de final de curso será avaliado. Espero, com isso, que ao elaborar a apresentação os alunos possam ver se cumprem todos os quesitos pelos quais serão avaliados  



FICHA DE AVALIAÇÃO PARA A APRESENTAÇÃO FINAL DO CURSO


livro O Homem da Companhia


Turma __________________ DATA__________________ 


NOTA_____________________________________



Capítulo que serviu de base para o trabalho _____________________________________________________________________________________



Nome dos praticantes do grupo presentes na apresentação
________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________


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Questão a ser problematizada com o trabalho

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

Tema ________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________


Título) _______________________________________________________________________________________


Tempo da apresentação________________________

O grupo fez a apresentação dentro do tempo estabelecido ?

(        ) sim (      ) não .

 A questão a ser problematizada ficou clara clara para a audiência?  
    

(        ) sim                          (        ) não                (             ) em termos

O tema está bem delimitado ?

(       ) sim                         (        ) não                         (         ) em termos

O trabalho tem um título ?

(                    ) sim                           (                   ) não

O título foi instigante ?

(                ) sim,                    (                 ) não

O grupo apresentou a importância do tema ?
(                      )sim                                  (                      ) não

A importância citada pelo grupo foi motivadora  ?
(                  ) sim                 (                  ) não                    (                  ) em termos.


No desenvolvimento , ficou clara a relação de cada um dos itens do desenvolvimento com o tema escolhido ?

(             ) sim                                      (                    ) não                (                   ) em termos .

No desenvolvimento, os itens do desenvolvimento foram bem explicados ?

(                 ) sim             (                  ) não                           (                    ) em termos .

O grupo fez uma conclusão ?

(                     ) sim                            (                   ) não

A conclusão resumiu o que foi falado ?

(                                  ) sim                                        (                       ) não

O grupo conseguiu responder satisfatoriamente as criticas feitas?

(                         ) a todas elas             (             ) a algumas delas         (                 ) a nenhuma delas .

OBSERVAÇÕES DO PROFESSOR