sábado, 4 de maio de 2019

Leitura de textos acadêmicos. Texto 1


Desenvolvendo a competência na leitura de textos acadêmicos.

A leitura de textos acadêmicos é fundamental para o aluno do ensino superior. Ao entrar na faculdade o aluno se confronta com textos que, na maior parte das vezes, foram escritos por um intelectual para expor as suas ideias aos seus pares, ou seja, para outros intelectuais. Não poderia ser diferente, pois espera-se que os alunos, uma vez formados, possam participar desse debate. Isso, certamente coloca dificuldades de compreensão para os alunos iniciantes. O problema é que sem compreender perfeitamente os textos dados, o aluno não poderá crescer intelectualmente.
Acreditamos que a leitura de textos acadêmicos é uma competência que pode e deve ser desenvolvida. Evidentemente que isso demanda esforço por parte dos alunos. O ideal seria que aos alunos fosse dado gradativamente textos com dificuldades que se tornariam crescentes e, dessa forma, o aluno iria se familiarizando com as dificuldades de compreensão inerentes aos textos acadêmicos e avançando de forma segura na compreensão dos mesmos.  Isso, contudo, seria o conteúdo de um curso.  
A competência da leitura de textos acadêmicos é, de certa maneira, como a forma física. Entramos em forma, quanto mais praticamos. Assim, vamos postar textos que tratem de assuntos correlatos ao campo da Administração e que foram escritos por autores que, em grande medida, pautam a discussão atual sobre cada um dos temas apresentados. Ao lê-los, o aluno estará adentrando no debate sobre o tema em pauta e enfrentando a complexidade dos textos acadêmicos. Os textos postados são curtos para que o aluno possa relê-los até tê-los entendido adequadamente.

Textos 1 .
O futuro do trabalho e do emprego

Os textos que você lerá abaixo tratam do futuro do trabalho e do emprego. Eles fazem algumas previsões sobre o que acontecerá com o trabalho e com o emprego seja a curto ou a médio prazo. E
Lembre-se que os textos abaixo tratam de previsões sobre o mundo do emprego e do trabalho. Toda previsão parte de uma ou mais premissas sobre o mundo atual. Por isso, é necessário que você perceba que são estas premissas que fundamentam a previsão.
O conteúdo desses textos não esgota a discussão sobre o futuro do emprego e do trabalho. Ao ler e compreender esses textos, o aluno estará mais capacitado a acompanhar a discussão que é feita sobre esse tema e começar a ter um discurso concatenado sobre o tema. Nunca se esqueçam de citar o nome autor ao responder o que for pedido. 

Texto 1. 

O texto abaixo são as primeiras páginas do capítulo 1 do livro  The End of Work. The Decline of the Global Labor Force and the Dawn of the Post-Market Era. Jeremy Rifkin. NY. The Putnam Book,1995. Há uma versão em português. O Fim dos Empregos. O contínuo crescimento do desemprego em todo o mundo. Jeremy Rifkin, SP. M.Books, 2004.
Este texto é de baixa dificuldade de compreensão.
 “Desde o seu início, a civilização tem sido estruturada, em larga medida, em torno do conceito de trabalho.  Dos caçadores e coletores do período paleolítico, do pelo agricultor do período neolítico e da antiguidade, passando pelo artesão medieval e chegando a linha de montagem das fábricas modernas, o trabalho tem sido uma parte muito importante da nossa existência. Agora, pela primeira vez, o trabalho humano tem sido sistematicamente eliminado do processo de produção. Em menos de um século o trabalho em massa, característica dos tempos que nos antecederam está sendo reduzido drasticamente em todas as nações industrializadas. Uma nova geração de tecnologias da informação e de comunicação estão sendo rapidamente introduzidas em uma ampla gama de situações de trabalho. Máquinas inteligentes estão substituindo os seres humanos em um grande número de tarefas, levando milhões de trabalhadores nas fábricas e escritórios ao desemprego e à pobreza.

Nossos líderes corporativos e economistas nos dizem que o crescente desemprego expressa apenas um ajuste de curto prazo necessário em vista das forças de mercado decorrentes da Terceira Revolução Industrial. Eles anteveem a promessa de um mundo de elevado progresso tecnológico, grande aumento do comércio mundial e de inigualável abundância material.

Milhões de trabalhadores estão céticos. Toda semana eles aprendem que devem se preparar para algo ruim. Nos escritórios e fábricas em todo o mundo, as pessoas esperam com medo, acreditando que serão demitidas em breve. Tal qual uma epidemia mortal que inexoravelmente vai matando um grande número de pessoas, a estranha e aparentemente inexplicável nova doença econômica destrói vidas e desestabiliza comunidades em seu avanço. Nos Estados Unidos, as empresas têm eliminado mais de dois milhões de empregos anualmente.  Em Los Angeles, o First Interstate Bankcorp, o décimo terceiro maior banco do país, recentemente reestruturou suas operações eliminando 9 000 empregos, o que significa mais de 25% da sua força de trabalho. Em Columbus, Indiana, a empresa Arvin fez uma reestruturação na planta produtiva da sua fábrica de componentes automotivos e demitiu quase 10% dos seus empregados. Em Danbury, no estado de Connecticut, a Union Carbide empreendeu uma operação de reengenharia em toda a empresa. No ano de 1995, com essa reengenharia, a Union Carbide, reduziu seus custos em 575 milhões de dólares. Esse processo 13 990 empregados, quase 22% da sua força de trabalho, foram demitidos. A Union Carbide espera cortar mais 22% dos seus empregados nos próximos dois anos.

Centenas de outras companhias também estão anunciando que farão demissões. A GTE, uma gigante do ramo telefônico, recentemente cortou 17 000 empregos. A NYNEX Corporation anunciou estar cortando 16 800 empregos. A Pacific Telesis pretende cortar mais de 10 000. A maioria dos cortes, diz o Wall Street Journal, estão sendo causados pela introdução de novos programas de computador, redes mais amplas de comunicação e outras inovações no campo da tecnologia que possibilitam as empresas produzirem mais com menos empregos.

Há empregos sendo criados na economia norte-americana, porém, eles são nos setores que notoriamente pagam baixos salários e nos empregos temporários.  Em abril de 1994, dois terços dos novos empregos criados no país foram na parte de baixo da pirâmide salarial. Os dados referentes ao ano de 1994 mostram que o desemprego nas grandes corporações aumento em 13% em comparação ao ano anterior.

A redução dos empregos bem pagos não é exclusividade da economia dos Estados Unidos. Na Alemanha, a Siemens, um gigante do ramo eletrônico e da engenharia, em três anos, reduziu o seu corpo gerencial em quase 30% e eliminou mais de 16 000 empregos em suas empresas em todo o mundo. Na Suécia a ICA fez um processo de reengenharia em suas operações e informatizou inúmeras operações. Essas inovações gerenciais e tecnológicas possibilitaram a empresa reduzir em 30% os seus depósitos e centros de distribuição, cortando seus custos pela metade. Esse processo permitiu a ICA demitir mais de 5000 trabalhadores, o que corresponde a quase 30% de toda a sua força de trabalho e, ao mesmo tempo, aumentar seus rendimentos em mais de 15%.  No Japão, a NTT, uma empresa gigante do ramo de telecomunicações, anunciou a intenção de cortar 10 000 empregos em 1993 e acrescentou que, como parte do seu programa de reestruturação, ela poderia ainda vir a cortar mais 30 000 empregos, ou seja, 15% da sua força de trabalho.

O número de desempregados e de subempregados está aumentando diariamente nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.  As nações em desenvolvimento enfrentam o desemprego tecnológico nas filiais das multinacionais instaladas em seus territórios. Desta forma milhões de pessoas se veem numa situação de total insegurança tendo em vista que não têm como enfrentar e resistir às estratégias de corte de custo (reengenharia), às inovações tecnológicas introduzidas no mundo empresarial. Em um número cada vez maior de países as notícias que vêm do mundo das empresas falam de modo de produção enxuto, reengenharia, gerência de qualidade total, pós-fordismo, downsizing e outras que fazem que homens e mulheres fiquem extremamente preocupados em relação ao futuro. Os jovens estão aprendendo a descarregar suas frustrações através de comportamentos antissociais.

Trabalhadores mais velhos que viveram um passado próspero e de esperança temem um futuro sombrio e se sentem aprisionados por forças sobre as quais não têm o menor controle. Por todo o mundo há uma clara certeza de que uma mudança profunda está em curso. Uma mudança tão profunda e vasta que mal podemos compreender seu impacto. A vida, como nós a conhecemos está sendo alterada de forma fundamental. ” 

Atividade do texto 1

 Qual é a tese defendida por Jeremy Rifkin e como ele fundamenta a sua tese?

Texto 2.

O texto abaixo foi retirado do livro: Um Mundo sem Empregos. Jobshift. Os Desafios da Sociedade Pós-Industrial. William Bridges. SP. Makron Books, 1995. Lembro que, às vezes, alterei a ordem de alguns parágrafos para que a ideia central do autor fosse mais facilmente percebida e (ou) o texto ficasse mais fácil de ser entendido.

O texto abaixo apresenta uma dificuldade um pouco maior uma vez que ele estabelece uma distinção entre dois conceitos que, no dia a dia, são tratados como sinônimos. Sem perceber essa distinção,   o aluno não compreenderá o texto.

“ Enquanto escrevo este prefácio, o jornal da manhã traz mais um caso de novas ´perdas de emprego´ - na verdade, diversos casos. Dizem-nos que a recessão já acabou há muito tempo, mas a porcentagem da força de trabalho que está desempregada não caiu de maneira como aconteceu no final das recessões anteriores. A administração Clinton está tentando ‘criar empregos’ , embora seus críticos afirmem que alguns dos novos impostos e regulamentos ‘destruirão os empregos’ . Ouvimos dizer que a única maneira de protegermos nossos empregos é aumentar nossa produtividade, mas depois descobrimos que fazer a reengenharia de nossos processos de trabalho , utilizar equipes autogeridas , nivelar nossas organizações e transferir nossos trabalhos rotineiros sempre torna muitos empregos redundantes.
“A realidade é muito mais preocupante porque o que está desaparecendo hoje não é apenas um certo número de empregos, ou empregos de certas áreas econômicas, ou empregos de alguma parte do país - ou até mesmo empregos nos Estados Unidos como um todo. O que está desaparecendo é a coisa em si: o emprego. Essa tão procurada e tão difamada entidade social está desaparecendo hoje como uma espécie que sobreviveu além do seu tempo evolucionário. ”
“ O emprego é um artefato social , embora esteja tão arraigado em nossas consciências que a maioria de nós se esqueceu de sua artificialidade ou do fato de que a maioria das , espécies , desde o início dos tempos, tenha se saído muito bem sem empregos. O conceito de emprego surgiu no começo do século XIX , para englobar o trabalho que precisava ser feito nas crescentes fábricas e burocracias das nações em fase de industrialização . Antes de ter empregos, as pessoas trabalhavam de maneira igualmente árdua , mas em grupo mutáveis de tarefas , numa variedade de localizações , de acordo com uma programação determinada pelo sol, pelo tempo e pelas necessidades do dia. O emprego moderno foi uma nova ideia assustadora – para muitas pessoas , uma ideia desagradável e até mesmo socialmente perigosa. Seus críticos afirmavam que era um modo antinatural e até desumano de se trabalhar. Previam que a maioria das pessoas não seria capaz de conviver com suas exigências.” Páginas XIV e XV
Mas esta não é mais uma lamúria de que ‘ a economia está afundando’ – longe disso, porque acredito que o mundo moderno encontra-se `a beira de um enorme salto rumo à criatividade e produtividade. Mas o emprego não vai fazer parte da realidade econômica de amanhã. Embora sempre exista uma enorme quantidade de trabalho para ser feita, este livro sugere que o trabalho não estará contido nos invólucros tão conhecidos a que chamamos de emprego. Na verdade, muitas organizações hoje estão prestes a ficar ‘desprovidas ‘ de emprego.
“ No sentido quantitativo, o desaparecimento dos empregos é simplesmente um jogo de números: o mesmo trabalho que há alguns anos costumava exigir uma centena de trabalhadores, hoje pode ser feito por cinquenta – e talvez por dez amanhã. Isso não é novidade. Já estamos transferindo as tarefas de fabricação para máquinas há quase duzentos anos. Fizemos isso tão eficazmente que o setor industrial de nossa economia hoje produz, com um número não maior de trabalhadores, cinco vezes mais bens do que ao final da Segunda Guerra Mundial. ”
Não são apenas os empregos na área de produção que estão desaparecendo. Proporcionalmente, os empregos administrativos estão desaparecendo ainda mais rapidamente e outro tanto está ameaçado
Está ocorrendo uma mudança qualitativa também. Não se trata apenas de um número menor de empregos ao estilo antigo. As condições de trabalho motivadas pelas novas realidades tecnológicas e econômicas não são empregos no sentido tradicional.; e em grande parte do que está sendo feito nas organizações atualmente é feita por pessoas que não têm um ‘ emprego formal’ . Certamente é sugestivo que a empresa privada que emprega mais americanos do que qualquer outra – cujos 560 000 empregados superam outros gigantes como a GM (atualmente com 365 000 e a IBM (atualmente com 330 000) – seja uma agência de empregos temporários , a Manpower. Não há dúvida de que, como a imprensa começou a reconhecer, os Estados Unidos estão sendo ‘temporizados’. Os trabalhos temporários e de horário não integral estão participando cada vez mais do trabalho das organizações americanas, e o processo tem ido mais longe do que a maioria das pessoas pode perceber. Um memorando confidencial do Bank of America, que vazou para a imprensa, estimava que ‘ logo somente 19% dos empregados do banco ainda trabalharão em tempo integral’ páginas 8 a 11
“Algumas das alternativas para os empregos são óbvias: você pode iniciar um negócio por conta própria ; pode tornar-se um artista , um consultor, pode fazer trabalho autônomo , ou trabalho em tempo não integral , ou trabalho por empreitada em sua casa. E, sob a pressão do desaparecimento dos empregos nas organizações americanas, cada vez mais pessoas estão fazendo estas coisas. Mas há também outra resposta mais difícil de ser articulada (e impossível de se medir) porque não se situa dentro das fronteiras familiares do tempo não integral e do auto emprego. Essa resposta é que você pode fazer aquilo que um número cada vez maior de pessoas está fazendo: trabalhando dentro de organizações como empregados de tempo integral , mas sob arranjos por demais fluídos e idiossincráticos para serem chamados de empregos. P. 46 e 47
“ Encontramo-nos num divisor de águas comparável atualmente. Novamente, o futuro parece ser tão perigoso quanto incerto. Novamente podemos ver os sombrios contornos do novo mundo pós-emprego e, mais uma vez não temos certeza de que seremos capazes de administrar a nova vida que nos espera. E o que devemos fazer ? p. 190
“Todos nós teremos de aprender novas maneiras de trabalhar. ...Embora em alguns casos as novas maneiras de se trabalhar exijam novas habilidades tecnológicas, na maioria das vezes exigirão algo mais fundamental: a ‘habilidade’ para descobrir e realizar trabalho num mundo sem empregos bem definidos e estáveis. Tornou-se quase um truísmo que as carreiras hoje devem ser autogeridas, mas frequentemente essa afirmação simplesmente significa que você terá que encontrar seu próximo emprego sem ajuda externa . O problema é que esse conselho já está desatualizado. Os trabalhadores de hoje precisam esquecer completamente os empregos e procurar , em vez disso, o trabalho que precisa ser feito - e então se organizarem quanto à melhor maneira de realizar o trabalho” prefácio XV

Atividade do texto 2

Qual é a tese defendida por William Bridges neste texto?

Texto 3.

O trecho abaixo foi retirado do capítulo: O Empregado Autônomo , capítulo 18 do livro Powershift. As Mudanças do Poder. Alvin Toffler, RJ, Editora Record,1993
O texto abaixo apresenta uma dificuldade um pouco maior do que os anteriores. A base da dificuldade desse texto é o grande número de conceitos que o aluno precisa dominar para poder entender exatamente o que o autor está afirmando. Esse tipo de dificuldade, por sua vez, cria um complicador a mais; fica difícil distinguir o que é essencial e o que é secundário no texto abaixo. Por isso ele exigirá um esforço maior.

“ Grande parte da relativa impotência da classe trabalhadora industrial era derivada precisamente deste fato; eles eram intercambiáveis. Desde que os cargos exigiam pouca qualificação e os operários podiam ser treinados em pouco tempo para fazer uma tarefa de cor, um operário era tão bom quanto outro qualquer. Especialmente em períodos de excesso de mão de obra , os salários baixavam e os operários , mesmo quando sindicalizados , tinham pouco poder de barganha.
(....)
Além do mais , à medida que o componente do conhecimento do trabalho aumenta, os empregos se tornam mais individualizados, isto é, menos intercambiáveis. Segundo o consultor James P Ware, vice-presidente do Index Group ‘ os trabalhadores com base no conhecimento são cada vez menos substituíveis. As ferramentas são usadas de maneiras diferentes por cada trabalhador que usa o conhecimento. Um engenheiro usa o computador de forma diferente do seguinte. Uma analista de mercado analisa as coisas de uma maneira ; o seguinte é diferente.’
Quando um trabalhador vai embora , a companhia precisa encontrar outro com capacidade igual, o que se torna matematicamente mais difícil ( e mais dispendioso) à medida que aumenta a variedade de aptidões , ou terá que treinar outra pessoa , o que também é dispendioso. Daí os custos de substituir qualquer indivíduo aumentam , e o poder de barganha desse indivíduo aumenta na mesma proporção. “
(......)
Na era das chaminés, nenhum empregado isolado tinha um poder significativo em qualquer disputa com a firma. Só uma coletividade de trabalhadores, unidos e ameaçando parar os músculos, podia obrigar uma administração recalcitrante a melhorar o salário ou as condições de trabalho. Só a ação em grupo podia reduzir ou parar a produção, porque qualquer indivíduo era facilmente intercambiável e, por isso , substituível. Foi essa a base para a formação dos sindicatos dos trabalhadores.
(....)
[ Hoje] Muito mais importante é o deslocamento em direção à não intercambialidade. Á medida que o trabalho fica mais diferenciado , a posição de barganha dos indivíduos com aptidões cruciais vai melhorando . Os indivíduos, e não apenas os grupos organizados , podem exercer influência.
(...)
Hoje estamos passando pela transferência seguinte de poder no local de trabalho. Uma das grandes ironias da história é o fato de estar surgindo um empregado autônomo que, de fato, é dono dos meios de produção. Os novos meios de produção, no entanto, não se encontram na caixa de ferramenta do artesão ou na maciça maquinaria da era das chaminés. Eles estão , em vez disso, estalando no interior do crânio do empregado- onde a sociedade irá encontrar a mais importante fonte individual de riqueza e poder futuros. “

Atividade do texto 3. Qual a tese defendia por Alvin Toffler no texto acima?

Te      
Texto 4.

 O  texto abaixo intitula-se As dimensões da crise no mundo do trabalho, escrito por Ricardo Antunes , autor de vários livros sobre Sociologia do Trabalho. Este encontra-se no seguinte endereço eletrônico: http://www.adua.org.br/artigos.php?cod=92

O texto abaixo apresenta a visão de um autor marxista sobre o cenário no mundo do trabalho nos dias atuais. Este texto também traz o complicador do texto acima. Ele utiliza conceitos que são desconhecidos para a quase totalidade dos alunos dos primeiros anos. Além disso, o aluno deverá perceber que no texto dois temas são tratados.  

"Nos últimos anos, particularmente depois da década de 1970, o mundo do trabalho vivenciou uma situação fortemente crítica, talvez a maior desde o nascimento da classe trabalhadora e do próprio movimento operário inglês. O entendimento dos elementos constitutivos desta crise é de grande complexidade, uma vez que, neste mesmo período, ocorrem mutações intensas, de ordens diferenciadas, e que, no seu conjunto, acabaram por acarretar consequências muito fortes no interior do movimento operário, e, em particular, no âmbito do movimento sindical. O entendimento deste quadro, portanto, supõe uma análise da totalidade dos elementos constitutivos deste cenário, empreendimento ao mesmo tempo difícil e imprescindível, que não pode ser tratado de maneira ligeira.
Neste artigo, vamos somente indicar alguns elementos que são centrais em nosso entendimento, para uma apreensão mais totalizante da crise que se abateu no interior do movimento operário. ....
Começamos dizendo que neste período vivenciamos um quadro de crise estrutural do capital, que se abateu no conjunto das economias capitalistas, especialmente a partir do início dos anos 70. Sua intensidade é tão profunda que levou o capital a desenvolver "práticas materiais da destrutiva  auto reprodução ampliada ao ponto em que fazem surgir o espectro da destruição global, em lugar de aceitar as requeridas restrições positivas no interior da produção para satisfação das necessidades humanas".
Esta crise fez com que, entre tantas outras consequências, o capital implementasse um vastíssimo processo de reestruturação, com vistas à recuperação do ciclo de reprodução do capital e que, como veremos, afetou fortemente o mundo do trabalho. Retomaremos adiante este ponto.

Um segundo elemento fundamental para o entendimento das causas do refluxo do movimento operário decorre do explosivo desmoronamento do Leste europeu (e da quase totalidade dos países que tentaram uma transição socialista, com a URSS à frente), propagando-se, no interior do mundo do trabalho, a falsa ideia do "fim do socialismo". Embora a longo prazo as consequências do fim do Leste europeu sejam eivadas de positividades (pois coloca-se a possibilidade da retomada, em bases inteiramente novas, de um projeto socialista de novo tipo, que recuse, entre outros pontos nefastos, a tese staliniana do "socialismo num só país" e recupere elementos centrais da formação de Marx), no plano mais imediato houve, em significativos contingentes da classe trabalhadora e do movimento operário, a aceitação e mesmo assimilação da nefasta e equivocada tese do "fim do socialismo" e, como dizem os apologistas da ordem, do fim do marxismo.

E mais, ainda como consequência do fim do chamado "bloco socialista", os países capitalistas centrais vêm rebaixando brutalmente os direitos e as conquistas sociais dos trabalhadores, dada a "inexistência", segundo o capital, do "perigo socialista" hoje. Portanto, o desmoronamento da URSS e do Leste europeu, ao final dos anos 80, teve enorme impacto no movimento operário. Bastaria somente lembrar a crise que se abateu nos partidos comunistas tradicionais, e no sindicalismo a eles vinculado. (...)

É preciso acrescentar ainda que, com a enorme expansão do neoliberalismo a partir de fins dos anos 70, e a consequente crise do Welfare-State, deu-se um processo de regressão da própria social-democracia, que passou a atuar de maneira muito próxima da agenda neoliberal. O projeto neoliberal passou a ditar o ideário e o programa a serem implementados pelos países capitalistas, inicialmente no centro e logo depois nos países subordinados, contemplando restruturação produtiva, privatização acelerada, enxugamento do estado, políticas fiscais e monetárias sintonizadas com os organismos mundiais de hegemonia do capital como FMI e BIRD, desmontagem dos direitos sociais dos trabalhadores, combate cerrado ao sindicalismo classista, propagação de um subjetivismo e de um individualismo exacerbados da qual a cultura "pós-moderna" é expressão, animosidade direta contra qualquer proposta socialista contrária aos valores e interesses do capital etc.
(...)

Como resposta do capital à sua crise estrutural, várias mutações vêm ocorrendo e que são fundamentais nesta viagem do século XX para o século XXI, caso se queira, como ensinou Marx, "apoderar-se da matéria, em seus pormenores, analisar suas diferentes formas de desenvolvimento e de perquirir a conexão íntima que há entre elas" (conforme a nossa epígrafe recolhida do posfácio à 2ª edição de O capital, de 1873). Uma delas, e que tem importância central, diz respeito às metamorfoses no processo de produção do capital e suas repercussões no processo de trabalho.

Particularmente nas últimas décadas, como respostas do capital à crise dos anos 70, intensificaram-se as transformações no próprio processo produtivo, através do avanço tecnológico, da constituição das formas de acumulação flexível e dos modelos alternativos ao binômio taylorismo/fordismo, no qual se destaca, para o capital, especialmente, o modelo "toyotista" ou o modelo japonês. Estas transformações, decorrentes, por um lado, da própria concorrência intercapitalista e, por outro, dada pela necessidade de controlar o movimento operário e a luta de classes, acabaram por afetar fortemente a classe trabalhadora e o seu movimento sindical.

Fundamentalmente, essa forma de produção flexibilizada busca a adesão de fundo, por parte dos trabalhadores, que devem abraçar, de "corpo e alma", o projeto do capital.
Procura-se uma forma daquilo que chamei, em Adeus ao trabalho? de envolvimento manipulatório levado ao limite, no qual o capital busca o consentimento e a adesão dos trabalhadores, no interior das empresas, para viabilizar um projeto que é aquele desenhado e concebido segundo os fundamentos exclusivos do capital.

Atividades do texto 4

4.1. Qual  é a tese apresentada na primeira parte do texto?

4.2. Qual é a tese apresentada na segunda parte do texto?